Dados recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgados nesta quinta-feira (15), revelam que a situação previdenciária das mulheres negras no Brasil piorou nos últimos seis anos. Em 2022, 21,2% das mulheres negras ocupadas não tinham condições de contribuir com a Previdência, um aumento em comparação com 2016, quando o percentual era de 19,2%. Esse cenário as coloca em uma situação de maior vulnerabilidade econômica.
A desigualdade previdenciária é ainda mais evidente quando comparada a outros grupos. Em 2022, apenas 6,8% dos homens brancos enfrentavam a mesma dificuldade em contribuir com a Previdência, destacando a disparidade racial e de gênero no país.
Além da questão previdenciária, o levantamento do Ipea aponta que a proteção previdenciária da população brasileira ocupada, com idade entre 16 e 59 anos, diminuiu no período de 2016 a 2022. Isso reflete uma tendência preocupante de aumento da insegurança econômica entre os trabalhadores.
A pesquisa também destaca a desigualdade de participação no mercado de trabalho remunerado. Em 2022, apenas 52% das mulheres negras e 54% das mulheres brancas estavam ativamente empregadas, em comparação com 75% dos homens negros e 74% dos homens brancos. Essa diferença acentua as dificuldades enfrentadas pelas mulheres, especialmente as negras, para garantir sua independência financeira e segurança previdenciária.
No que diz respeito à remuneração, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que as trabalhadoras mulheres recebem menos de 80% do salário médio dos homens. Além disso, elas dedicam, em média, 10 horas a mais por semana em tarefas domésticas e de cuidado, sem remuneração, agravando ainda mais as desigualdades de gênero e raça no país.
Os dados ressaltam a necessidade urgente de políticas públicas que abordem as disparidades econômicas e sociais enfrentadas pelas mulheres negras no Brasil, garantindo maior equidade no acesso ao mercado de trabalho e à proteção previdenciária.