Dados da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) revelam que, somente na última década, mais de 8,5 mil ciclistas morreram em acidentes de trânsito no Brasil. Diante dos números, o Dia Nacional do Ciclista, comemorado nesta quinta-feira (19), está sendo celebrado com mensagens de conscientização.
A data não só chama atenção para as atitudes tomadas no trânsito, como também traz a reflexão sobre a necessidade de proteção ao ciclista. Para um dos responsáveis pelo grupo Carcará Bike Club, Júnior Vieira, a grande maioria dos acidentes acontecem quando o ciclista, por algum motivo, precisa sair do acostamento para dividir a via com os condutores de automóveis.
“Os condutores se sentem incomodados, buzinam e até mesmo dão fechadas nos ciclistas. E em alguns casos o ciclista, ao ser obrigado a sair do acostamento, fica em ponto cego para os condutores de veículos”, explica.
Uma das atitudes no trânsito que pode ser decisiva para salvar vidas de ciclistas é a direção defensiva para motoristas. Ela consiste em métodos para todos que estão no trânsito possam agir de maneira responsável na condução de um veículo, seja carro, moto, bicicleta, etc. Um desses métodos, por exemplo, é certificar-se de que o ciclista viu e entendeu sua sinalização, mantendo distância e cuidado ao efetuar manobras ou abrir a porta do veículo.
É importante lembrar que fechar um ciclista, colar na traseira da bicicleta ou apertá-lo contra a calçada é considerada uma infração grave para o Código Brasileiro de Trânsito (CTB). A fiscalização para garantir o cumprimento das regras do CTB é feita nas estradas com a inspeção visual no veículo, verificação da documentação e do estado de conservação do veículo, explica o Capitão Lopes, da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), que fiscaliza vias como a BA-099.
Esse tipo de trabalho é apoiado também por equipamentos eletrônicos, como bafômetros e controles de velocidade. Apesar disso, o entendimento e apoio dos motoristas é fundamental para um trânsito mais seguro.
“O que a gente busca é a conscientização dos condutores. E aí a gente vem ao longo do tempo fazendo sempre a sensibilização desses usuários das rodovias”, explica Lopes. “A gente vem sempre nas campanhas educativas, também nas fiscalizações normais, sempre buscando orientar, buscando trazer a legislação de trânsito e fazendo com que esse condutor tenha mais responsabilidade na direção do veículo automotor”, completa o oficial.
Outros motivos que podem envolver ciclistas em acidentes são relacionados a saúde, como passar mal no trajeto, conforme explica o enfermeiro Thalis Sampaio, que trabalha fazendo atendimento médico na BA-099, estrada administrada pela Concessionária Litoral Norte (CLN), uma empresa do grupo Invepar. Ele alerta ainda a importância de o ciclista fazer uma bateria de exames antes de pedalar nas vias.
“Nos atendimentos a gente vê muitos casos de hipoglicemia, que o ciclista sai de casa sem comer e acaba passando mal durante a pedalada. Além disso, pacientes com histórico de doenças como epilepsia, por exemplo, precisam ficar atentos antes de ir pedalar, é importante não esquecer de fazer um checkup completo e consultar um médico. Infelizmente não dá apenas para ir na emoção sem todos os cuidados”, relata.
Novos ciclistas
Com um aumento de vendas de bicicletas em 2020 de, em média, 50% em comparação a 2019, segundo levantamento realizado pela Aliança Bike, o Brasil está vivendo uma expansão na frota de ciclistas, que usam não apenas o modal para se divertir, mas também para facilitar seu dia-a-dia.
Pensando em dados locais, 28% dos ciclistas em Lauro de Freitas são empregados do comércio, 24% são operários, da construção civil e de outros setores, e 10% são estudantes, conforme dados da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder).
“É evidente o uso da bicicleta como instrumento de trabalho para aqueles que são usuários habituais. 66% deles dizem usarem a bicicleta para o trabalho, enquanto o seu uso para o lazer representa tão somente 19%”, explica Júnior.
Medidas de segurança
Como medidas de segurança, o CTB orienta que as bicicletas sejam equipadas com buzina, espelho e adesivos refletivos na frente, atrás, nas laterais e nos pedais. Além disso, apesar de não obrigatórios, cotoveleira, joelheira e capacete são altamente recomendados pelos órgãos de trânsito.
Óculos de ciclismo também pode ser um equipamento de segurança, fazendo a proteção dos olhos e dando melhor condição para visualizar o terreno enquanto pedala. Entre os principais benefícios, ele evita que sujeiras, insetos e outros detritos acertem seus olhos durante o pedal.
Mais uma medida de segurança é a cor da roupa que o ciclista escolhe para pedalar, além de faixas reflexivas, utilizar cores que contrastam com o meio ambiente podem, inclusive evitar colisões com carros, motos, pedestres e com outros ciclistas distraídos.
Equipamentos que ajudam a cortar linhas de pipa com cerol ou as chamadas linhas chilenas também podem ser incluídas como uma medida adicional de proteção, evitando acidentes graves. Fora das ciclovias e ciclofaixas, o ciclista deve transitar perto das bordas da pista, sempre na mão dos carros, e nunca guiar, por exemplo, no corredor dos carros ou costurando entre eles.