Divisão de tarefas domésticas ainda não é abraçada por eles

Foto: Catherine Falls Commercial/Getty Images

Almoço pra terminar, pia lotada, horário das crianças saírem da escola e decisões importantes para serem tomadas. Se você mora com um companheiro e sentiu uma pressão para resolver todas essas tarefas sozinhas só de ler os exemplos, é hora de sentar e colocar os pingos nos “is”.

Ocupando quase metade do mercado de trabalho nos EUA, segundo uma nova pesquisa do Gallup, divulgada em janeiro deste ano, as mulheres ainda são vistas e realizam maior parte do trabalho doméstico. O levantamento aponta que em relações heterossexuais as divisões de tarefas se dão em moldes ultrapassados e sexistas.

Lavar a roupa (58%), limpar a casa (51%) e preparar as refeições (51%) aparecem como as responsabilidades das parceiras. Já manter o carro em boas condições (69%) e fazer trabalhos de jardinagem (59%) são tarefas consideradas dos homens. Ou seja, um reforço de estereótipos que acompanham as definições de gênero.

Segundo a professora Claudia Lago, dentre os inúmeros fatores por trás dessa questão, “a uma valorização do que é construído como da alçada do masculino e a desvalorização do que é construído como parte do feminino. O trabalho doméstico é o melhor exemplo disso, está ligado ao cuidado, que é construído socialmente como responsabilidade das mulheres, o que explica também porque é tão desvalorizado, a ponto de não ser considerado trabalho. É claro que não é apenas uma ação que pode mudar isso, mas enquanto continuarmos a ensinar apenas nossas meninas a cuidar, e nunca os meninos, não haverá mudança cultural efetiva”, aponta a coordenadora do Grupo de Pesquisa Alteridade, Subjetividades, Estudos de Gênero e Performances nas Comunicações e Artes (AlterGen). 

Para os entrevistados, alunos do ensino médio, uma família que conta com crianças pequenas precisa ser composta pela seguinte dinâmica: pais trabalhando fora em período integral e mães dedicando seu tempo para os cuidados domésticos. Além dessas tarefas, as mulheres são as principais responsáveis ​​pela tomada de decisões em 62% dos lares.

Há apenas uma tarefa em que homens e mulheres têm a mesma probabilidade de liderar o pagamento de contas. Em 37% dos lares dos EUA, a mulher paga principalmente as contas, enquanto em 34% dos lares, o homem paga.

Ao analisar os entrevistados de acordo com o gênero, é possível notar que as próprias participantes se colocam mais como responsáveis em determinadas funções. Com 59% cada, a limpeza de casa e o cuidado diário com os filhos foram as maiores porcentagens direcionadas a elas mesmas.

Já a maioria dos parceiros entrevistados apontou que os momentos de responsabilidade com os filhos cabem aos dois, 47%. Mas será que na prática todos agem dessa maneira já? Desejamos que, sim.

Segundo os pesquisadores, há uma mudança comportamental em relação aos homens mais jovens que estão mais abertos às mulheres também serem provedoras financeiras. Entretanto, quando a esposas ganham mais do que eles, a relutância para fazer as tarefas domésticas é ainda maior.

Se não é pelo amor, vai pela dor. Esse ditado explica um ponto que pode mudar esse cenário de pé atrás com a divisão das funções do lar: a instabilidade econômica. A dificuldade de inserção e manutenção no mercado de trabalho, tanto para homens como para mulheres, pode fazer com que os maridos, por meio da necessidade, tenham uma outra percepção sobre a equiparidade de gênero.

De acordo com a pesquisa Monitoring the Future (em português,“Monitorando o Futuro”), que serviu de base para o estudo do Gallup,os jovens já caminham para uma visão mais aberta em relação às mulheres que trabalham: a parcela que preferia ter uma família com uma mãe que fica em casa era de 23% em 2014, sendo que em 1976, a decisão chegou a bater 44%. (Claudia)

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