É importante pensar sobre a cor da pele de Jesus? Professor de teologia diz que sim

Ilustração feita por especialista Richard Neave para documentário da BBC em 2001. (Reprodução/ BBC)

Durante séculos, pesquisadores em várias partes do mundo especulam sobre a real aparência física de Jesus Cristo. Para um professor de Novo Testamento do Pilgrim Theological College da Universidade de Divinity, na Austrália, esta seria um informação importante em se tratando de representatividade.

“Pode parecer radical, mas não paro de pensar sobre o que poderia mudar se fôssemos conscientes de que a pessoa chamada de Deus pelos cristãos não era branca, mas que o salvador do mundo foi um judeu do Oriente Médio”, diz o professor Robyn J. Whitaker.

A Bíblia não dá descrições físicas sobre Jesus, demonstrando assim que esse não é um tema importante. Alguns teólogos argumentam que o fato das Escrituras não citarem qual seria a cor da pele, dos olhos ou tipo de cabelo do Filho de Deus está de acordo com o próprio ensino da não adoração a imagens.

Por outro lado, a Bíblia descreve os ensinos de Jesus e o seu caráter, indicando assim que a aparência, de fato, não tem importância aos olhos de Deus, visto que o objetivo da encarnação do Messias não foi ressaltar a beleza humana, mas sim o propósito espiritual da salvação.

Até mesmo no livro Isaías 53:2b, única passagem que parece se referir à fisionomia de Jesus, o texto parece querer chamar atenção para algo que tem mais a ver com humildade. Em outras palavras, nem mesmo fisicamente Cristo teria do que se vangloriar, mostrando assim que todo o seu poder estava em sua natureza espiritual/moral e não física.

“Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada em sua aparência para que o desejássemos”, diz o texto de Isaías. Mas, para o professor Whitaker, entender que a imagem de um Jesus de cabelos louros e olhos azuis muito provavelmente não corresponde à realidade da sua origem étnica, é algo que pode ajudar a modificar, também, a forma como a sociedade enxerga os povos marginalizados.

“Talvez nossa atitude mudasse se compreendêssemos que a injusta prisão, abuso e execução às quais o Jesus histórico foi submetido têm mais a ver com as experiências dos indígenas ou dos refugiados do que com aqueles que detêm o poder da igreja e que se apropriaram da imagem de Cristo”, conclui o professor, em artigo para a BBC.

Gospel + / por: Will R. Filho

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