‘É por amor à natureza’, diz brigadista voluntário que atuou em combate a incêndio na Chapada Diamantina; fogo foi controlado

Brigadistas voluntários apagando últimos focos de incêndio na Chapada Diamantina, na madrugada de domingo (11). — Foto: Reprodução/TV Bahia

“Os olhos ardem, mas a vontade de acabar com isso aqui é maior. Então, toca a ficha. Não tem que parar, tem que ir até o final, que a satisfação é maior”. A fala é de Pedro Santiago, um dos brigadistas voluntários que atuam no incêndio florestal na Chapada Diamantina, na Bahia.

As chamas foram controladas no domingo (11), mas as equipes de combate seguem no local para dar continuidade ao processo de rescaldo em pontos específicos e para fazer monitoramento da área. O fogo começou no dia 6 e se concentrou no Parque Nacional da Chapada Diamantina, na cidade de Mucugê.

A atuação dos brigadistas voluntários foi crucial no combate ao fogo. As equipes saíam durante a noite e trabalhavam por toda a madrugada. Um abrigo provisório chegou a ser montado para receber as equipes, que acordaram com uma chuva na manhã de domingo.

“Sensação é de alívio, né? Quem me acordou foi a chuva. Estava dormindo no caminhão. A alegria da chuva, somada à garra desses voluntários que são verdadeiros guerreiros, homens e mulheres corajosos, que partem para cima”, conta Rui Sérgio, que também é voluntário na Chapada Diamantina.

As equipes trabalham durante todo o dia, mas o trabalho é intensificado entre a noite e a madrugada por causa da temperatura do local, além da visibilidade maior dos focos de incêndio, que são evidenciados pelo céu escuro.

O chefe do esquadrão dos brigadistas, Lorinaldo Pereira, conta que as equipes não têm horário para trabalhar, e por isso é preciso ter amor ao que está fazendo.

“Estou com minha equipe, a gente não tem horário nem de parar, nem de começar. A gente não tem horário de terminar o combate. Se a gente trabalhasse por horário, se não tiver terminando o incêndio e tiver que parar? Imagina”, questionou ele.

O trabalho é difícil por causa das áreas de mata fechada e, em muitos lugares, as equipes precisam cortar abrir caminho para acessar os focos de incêndio. O brigadista Marcelo Luz contou como é feito o processo de controle das chamas.

“Tem que ter muita sagacidade, muita experiência e muito amor pela natureza. A gente vai fazendo uma estratégia para poder ver como consegue chegar. São os equipamentos trabalhando juntos. Nesse caso da chama alta, a gente abaixa a chama com a água, economiza a água e entra o abafador”, explicou.

Com o fogo na Chapada controlado e os incêndios florestais em etapa de rescaldo e monitoramento, as equipes comemoram o trabalho que foi feito.

“Esse é um momento de alegria, de emoção pra todos os brigadistas que estão na linha de combate. A sensação é difícil de descrever. Com certeza, é por amor, não resta dúvidas que seja por amor à mata, à natureza”, afirma o brigadista Marcelo Piras.

Os brigadistas são das cidades de Mucugê, Andaraí, Ibicoara, Igatu, Lençóis, todas na região da Chapada Diamantina. Giovana Ribeiro conta que o trabalho é uma preservação do meio ambiente do local em que moram.

“A gente escolheu isso aqui para viver. É onde a gente vive, onde nossas famílias estão. Nossos filhos estão na cidade, todo mundo preocupado porque a gente está no fogo, está no combate. Mas a gente precisa botar a mão na massa”, ponderou ela. (G1)

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