No mesmo dia em que anunciou a demissão do filósofo Ricardo Vélez Rodríguez do Ministério da Educação, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira, 8, que outros ministros também podem perder seus cargos, em caso “de problemas”. “Os outros ministérios, se apresentarem problemas, a gente toma a decisão. É triste, é difícil mandar alguém embora. A responsabilidade é minha”, disse ele, em entrevista à Rádio Jovem Pan.
Bolsonaro disse que a demissão de Vélez se deveu a uma “questão da gestão”. “Lamentavelmente o ministro não tinha essa expertise com ele”. Essa é a segunda baixa de um ministro do governo Bolsonaro, que está completando a marca dos 100 dias de administração. O primeiro a sair foi Gustavo Bebianno, que ocupava a Secretaria-Geral da Presidência. Ainda durante a entrevista, o presidente falou sobre indicações para compor cargos de segundo escalão na administração pública. Bolsonaro tem sido criticado por setores no Congresso, que reclamam de falta de espaço no governo. “Se eles (ministros) aceitarem qualquer indicação do primeiro escalão deles, eles são responsáveis por isso. Nós cobramos produtividade no final da linha”, afirmou Bolsonaro, endossando que não há, da parte dele, indicações para cargos em ministérios. “Segundo escalão é responsabilidade de cada ministro. (Em outros governos) Nenhum (dos ministros) teve essa liberdade até hoje”.
Também durante a entrevista, o presidente rebateu os ataques feitos a um de seus filhos, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC). Para Bolsonaro, Carlos “até deveria ter um cargo de ministro”. “Ele que me botou aqui, a mídia dele”, disse o presidente, referindo-se à gestão feita por Carlos de seus perfis nas redes sociais durante a campanha eleitoral. Entretanto, segundo o presidente, Carlos não estaria “pleiteando um cargo de ministro”. “Poderia botá-lo”, reafirmou. Bolsonaro afirmou ainda que apoiaria o fim da reeleição para o Executivo em uma eventual proposta de reforma política. “A pressão é muito forte para que eu, se estiver muito bem, obviamente, me candidatar (em 2022). Mas (durante a campanha) era minha pretensão (acabar com reeleição) vindo dentro de uma reforma política, que não depende de mim, o próprio Parlamento pode resolver esse assunto se quiser”, respondeu ele.
Estadão Conteúdo