“Tem esses estudos, eles de alguma forma alertam, mas o governo também vive outras pautas e agendas”, afirmou Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul à Folha de S. Paulo, sobre uma suposta falta de preparo do governo para as enchentes.
De acordo com Leite, a agenda que se impunha era aquela vinculada ao “restabelecimento fiscal do estado”.
A fala veio durante uma entrevista de 45 minutos à Folha, no Palácio Piratini, sede do governo estadual. Na conversa, além de assumir que estudos apontavam a possibilidade de haver uma elevação no nível das chuvas, que poderia causar grandes enchentes no estado, Eduardo Leite negou que as mudanças sancionadas por ele, em 2020 em mais de 400 normas ambientais, tenham ligação com a crise socioambiental enfrentada no estado.
“[A afirmação] tenta induzir de que o que nós estamos vivendo no Rio Grande do Sul se relaciona a uma mudança legislativa de 2019, o que é absurdamente equivocado, para dizer o mínimo”, afirmou Leite.
“Além disso, sequer analisa o que está dentro dessas alterações. Simplesmente burocratizar e dificultar licenças não é proteger o meio ambiente”, defendeu o governador do RS.
Quando questionado sobre a preparação do governo para lidar com as enchentes, o governador ainda disse que “muitos alertas se revelam agora especialmente relevantes”, mas que “muitos alertas foram feitos e não se consumaram também”. Com esse raciocínio, Leite afirmou que irá estruturar o poder público para analisar os avisos e “tentar depurar o que é crítico e o que não é tão assim”.
Balanço das enchentes
Segundo o boletim da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, divulgado nesta segunda-feira (20/5), 463 municípios seguem sendo afetados e 581 mil pessoas estão desalojadas, enquanto 88 estão desaparecidas.
Até o momento, há cerca de 82 mil pessoas resgatadas e 806 feridas no Rio Grande do Sul. As enchentes deixaram mais de 500 mil gaúchos desalojados.
Fonte: Metrópoles