A eliminação da Copa Sul-Americana na última quarta-feira (16) doeu. O tricolor ficou apenas com o Brasileirão para disputar. E a ‘retomada’ na Série A seria justamente contra o atual campeão, o Flamengo, no Maracanã. E o Bahia perdeu: 4×3.
Olhando apenas para o adversário, o local e o placar, a derrota pode ser imaginável. Mas a verdade é que o Bahia teve a vitória nas mãos, depois de uma virada fantástica em menos de 15 minutos. E. por conta de substituições infelizes, tomou a virada para 4×3.
O jogo foi nervoso. Gabriel recebeu cartão vermelho direto com nove minutos de jogo, incendiando a partida logo após o apito inicial. Ainda assim, o primeiro tempo terminou 2×0 para o Flamengo numa grande atuação de Bruno Henrique.
O Bahia voltou gigante para a etapa final, e em menos de 15 minutos virou o jogo com Ramírez e Gilberto, duas vezes. Nos 20 minutos seguintes, não sofreu grandes sustos e dominou a posse de bola.
Mas Rogério Ceni mexeu bem na equipe. Nos 10 minutos finais, apertou o Bahia e fez a virada para 4×3 com Pedro e Vitinho, que haviam acabado de entrar em campo.
Mais ameaçado do que nunca no cargo, Mano Menezes terá uma semana para trabalhar. O Bahia só volta a campo no próximo domingo (27), às 16h, na Fonte Nova, contra o Internacional.
O jogo
Bruno Henrique castigou o Bahia no primeiro tempo. Com apenas quatro minutos de jogo, o atacante do Flamengo recebeu a bola na ponta esquerda, balançou para cima de Ernando, puxou para o meio e bateu na gaveta, sem chances para Douglas: 1×0.
O gol saiu tão cedo que não deu nem para interpretar a estratégia de Mano Menezes para enfrentar um adversário mais qualificado e ainda fora de casa. Se era buscar o contra-ataque com Rossi e Ramírez, a ideia esvaiu-se de cara. E o gol não foi o único motivo.
Aos nove minutos, Gabriel caiu na intermediária e pediu falta. Como o árbitro deu as costas, o atacante – aparentemente – xingou Flávio Rodrigues, que já se virou puxando o cartão vermelho.
Confusão criada: a estrela do Flamengo se recusou a deixar o gramado, considerando a expulsão um absurdo. Os técnicos Rogério Ceni e Mano Menezes entraram no bate-boca. Muita reclamação e gritaria depois, o jogo foi reiniciado, só que já haviam passado cinco minutos.
Com um a mais em campo, o jogo se abriu para o Bahia. Mas o tricolor precisaria deixar a passividade e atacar. Nos primeiros minutos após a expulsão, a postura foi essa: aos 22, Nino recebeu na área e chutou para defesa de Diego Alves. Aos 29, Gilberto aproveitou sobra na área e chutou forte para outra defesaça do goleiro.
Quando o Bahia já mostrava superioridade, não apenas numérica, veio outro golpe de Bruno Henrique: aos 32, o atacante é lançado por Gerson em contra-ataque, ganha no corpo de Juninho e toca para trás, onde Isla aparece para fazer 2×0.
Juninho, e o Bahia, ainda sofreriam mais. Aos 41, Bruno Henrique recebe na direita, dança para cima do zagueiro, tira ele num drible e chuta forta para defesaça de Douglas. E aos 47, Bruno Henrique recebeu cruzamento de Arrascaeta e chutou tirando tinta da trave.
Virada e virada
O Bahia teve dois problemas no primeiro tempo. O mais óbvio foram as falhas na marcação, que ficaram mais claras nas jogadas de Bruno Henrique. O outro foi não ter acionado mais Ramírez, jogador mais talentoso na criação tricolor.
O segundo tempo começou com o colombiano mais acionado e, por consequência, com o Bahia mais perigoso, sobretudo pelo lado direito. Foi por ali que, aos cinco minutos, Ramírez recebeu, cortou Natan com um belo drible e chutou na saída de Diego Alves. 2×1.
Mas não foi só o brilho do colombiano. O Bahia ajeitou a marcação no meio-campo e a entrada de Gabriel Novaes como segundo atacante fez o Flamengo recuar em bloco, abrindo espaço à frente da sua área.
O gol fez o Bahia se impor e rapidamente mostrar que tinha um homem a mais em campo. Gilberto voltou do intervalo com sangue no olho: aos 10, o camisa 9 recebeu na intermediária, ajeitou o corpo e chutou de fora da área, acertando uma pancada no ângulo de Diego Alves. Golaço: 2×2.
A reação do Bahia foi muito rápida. Aos 13, Rossi cobrou escanteio e Gilberto, de novo, subiu mais que a zaga rubro-negra para testar forte. 3×2. Uma virada impressionante do Bahia em menos de 15 minutos.
O jogo já caminhava para o fim com o Bahia dominando a posse de bola e sem sofrer sustos. Com duas substituições, Mano Menezes abriu o meio-campo. Tirou Gilberto e Ramírez, os dois melhores em campo, para colocar Clayson e Rodriguinho.
Já Rogério Ceni colocou Pedro e Vitinho em campo. Aos 36, Pedro recebeu cruzamento de Filipe Luís na área e escorou de peito para empatar. E aos 44, Vitinho recebeu passe magistral de Pedro, de calcanhar, na área, e chutou na saída de Douglas para fazer o 4×3.
FICHA TÉCNICA
Flamengo 4×3 Bahia – 26ª rodada da Série A 2020
Flamengo: Diego Alves; Isla (Vitinho), Rodrigo Caio, Natan e Filipe Luís; Gomes (Matheuzinho), Gerson e Éverton Ribeiro (Diego); Arrascaeta (Pedro), Bruno Henrique e Gabriel. Técnico: Rogério Ceni.
Bahia: Douglas; Nino Paraíba, Ernando, Juninho e Juninho Capixaba; Gregore, Edson (Daniel) e Ramon (Gabriel Novaes); Rossi, Gilberto (Rodriguinho) e Índio Ramírez (Clayson). Técnico: Mano Menezes.
Gols: Bruno Henrique, aos quatro e Isla, aos 32 minutos do 1º tempo; Ramírez, aos cinco, Gilberto, aos 10 e aos 13, Pedro, aos 36, e Vitinho, aos 44 minutos do 2º tempo.
Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro.
Cartões amarelos: Filipe Luís (Flamengo); Juninho Capixaba, Gilberto e Rodriguinho (Bahia)
Cartões vermelhos: Gabriel e Daniel
Arbitragem: Flavio Rodrigues de Souza, auxiliado por Marcelo Carvalho Van Gasse e Danilo Ricardo Simon Manis (trio de São Paulo).