A entrega voluntária de animais silvestres e a fiscalização de criadores irregulares resultaram no resgate de 82 aves silvestres neste primeiro dia (14) de atividades da 49ª etapa da Fiscalização Preventiva e Integrada (FPI) do São Francisco, que acontece em 10 municípios da região oeste da Bahia. As ações foram realizadas pela equipe de fauna, composta pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) e a ONG Animallia.
As principais espécies encontradas foram Cardeal do Nordeste, Sabiá, Canário-da-terra, Periquito da Caatinga, Papagaio, Azulão, Bigodinho e Papa-capim. Durante as incursões feitas, tanto na zona urbana quanto na rural, os agentes averiguaram a situação dos criadores registrados no Sistema para Gestão de Criadores de Passeriformes Silvestres Nativos do Estado da Bahia (Sispass).
“Os animais que eram mantidos em cativeiro de forma irregular e com suspeitas de maus-tratos, assim que constatadas as irregularidades os criadores foram autuados e os animais resgatados. Notamos, nesta fase, uma adesão significativa da população ao procedimento da entrega voluntária, as pessoas ao avistarem os veículos da operação estão nos procurando para entregar as aves que mantinham em suas residências”, ressaltou o técnico do Inema e coordenador de uma das equipes de Fauna da FPI, Frederico Coelho.
Em paralelo à fiscalização, também está sendo feito um trabalho de educação ambiental e sensibilização junto as comunidades. Segundo o agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Marcus França, uma equipe está empenhada para orientar a população com a realização, por exemplo, de palestras nas escolas da região: “os agentes ambientais e policiais estão percorrendo os municípios para coibir as práticas ilegais e ao mesmo tempo exercer atividades de cunho da educação ambiental. A fiscalização exige um trabalho minucioso, desde o planejamento, com a definição de estratégias de abordagem, de inspeção e atendimento às denúncias que possam ocorrer durante a FPI”.
Ainda de acordo com França, a equipe atua em três frentes, com fiscalização em campo dos criadores amadores cadastrados no Sispass, verificando se estão atendendo aos requisitos estabelecidos nas legislações estadual e federal, assim como aqueles animais em situação de cativeiro ilegal, ou seja, sem as devidas autorizações e registros: “estamos preparados para analisar todas as condições, desde documentais até as de caça e maus-tratos aos animais silvestres, de acordo com os artigos 29 e 32, respectivamente, da Lei Federal 9.605/98”.
A retirada de animais silvestres, adultos ou filhotes, de seus habitats naturais ocasiona uma redução significativa nas populações de diversas espécies e no desempenho de seus papéis ecológicos na natureza, como na dispersão de sementes, reprodução e predação natural de insetos e outros animais, entre outros.
Um exemplo de amor e proteção aos pássaros silvestres
Dona Diva, moradora do povoado do Alecrim, município de Paratinga, ao avistar a equipe da FPI fez questão de convidar a todos para conhecer o quintal de sua casa e mostrar que a melhor forma de apreciar o canto dos pássaros é com eles livres na natureza. “Aqui, é tudo muito simples, mas tem uma coisa que eu adoro fazer que é ouvir os passarinhos cantando soltos na natureza, comendo as frutas direto nos pés de goiaba, pinha e manga. Os bichinhos vivem mais feliz livres, voando pra todos os cantos. Então, nós temos que trabalhar para nós e os outros também pensem assim”.
Proteção da fauna silvestre
Os animais resgatados, apreendidos e recebidos voluntariamente, são encaminhados para uma base provisória do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), montada no Colégio Estadual Marechal Castelo Branco, localizado na Rua Pedro Olimpio de Souza, no centro da cidade de Ibotirama. O cidadão que deseja realizar a entrega voluntária de animais silvestres deve se dirigir ao Cetas, das 9h às 12h e das 14h às 16h. É importante ressaltar que, no ato da entrega voluntária, o responsável não será multado nem responsabilizado criminalmente.
“Aqui, na base, os animais passam por um rigoroso processo de triagem, uma avaliação com o intuito de verificar as condições de saúde e recebem todo o tratamento necessário para recuperação e posterior soltura no seu habitat natural. Os principais problemas verificados, neste primeiro dia, estão relacionados ao manejo nutricional, que acaba por afetar o estado clínico destes animais, outro avaliação feita é a comportamental, se apresentam características de longo tempo em cativeiro”, explicou o veterinário da Coordenação de Gestão de Fauna do Inema, Caio Vinicius.
Neste espaço, uma equipe multidisciplinar atua com dedicação exclusiva para garantir o tratamento adequado, o bem-estar desses animais e as condições necessárias para a soltura na natureza.
Andreza Amaral, bióloga da ONG Animallia e coordenadora da equipe Base Fauna da FPI, explicou como ocorrem as atividades no Cetas montado em Ibotirama. “Então, nós dividimos a equipe, uma parte dela fica na triagem individual de cada animal, a gente pega na mão, avalia o score corporal, se tem algum ferimento, se o comportamento dele está adequado para a soltura ou não e, a partir daí, realizamos a manutenção da alimentação adequada, pois a maioria deles vem subnutrido ou gordo demais, então fazemos o ajuste necessário na alimentação para que eles possam ingressar nos programas de soltura adequados em áreas regulares”, destacou.
FPI São Francisco
A coordenação-geral da FPI é realizada pelos Ministérios Públicos da Bahia (MPBA) e do Trabalho (MPT), com apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e a participação de mais de 200 agentes de 53 órgãos das esferas estadual e federal, além de organizações da sociedade civil. As ações abrangem os municípios de Ibotirama, Paratinga, Oliveira dos Brejinhos, Muquém do São Francisco, Brotas de Macaúbas, Ipupiara, Morpará, Barra, Mansidão e Buritirama.
Fonte: Ascom/Sema