Entenda a suspensão temporária da vacina de Oxford em 4 países europeus

Foto: Divulgação

Autoridades de saúde da Dinamarca, Noruega e Itália suspenderam temporariamente nesta quinta-feira (11) o uso de vacinas contra a Covid-19 desenvolvidas pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, depois de relatos de formação de coágulos em pessoas vacinadas.

Os países decidiram pela pausa para analisar dados da vacinação com o imunizante depois que autoridades da Áustria suspenderam um lote da vacina por conta de uma morte por embolia pulmonar – que poderia ser consequência da formação e desprendimento de um coágulo.

Coágulo é uma espécie de bloco de sangue com consistência mais sólida.

As autoridades sanitárias destes países ponderam, no entanto, que não há a comprovação de que a vacinação tenha aumentado a incidência de coágulos em pacientes – mas reforçam que o evento adverso pede por precaução.

Veja a seguir o que se sabe até o momento sobre essa pausa:

A vacina é segura?

SIM.

A vacina de Oxford é segura. Sua segurança foi comprovada em um estudo de fase 2 publicado, no ano passado, pela renomada publicação científica “The Lancet”.

Segundo o artigo, a vacina induziu “uma forte resposta imune” em idosos e registrou apenas reações adversas leves como dor no local da injeção, fadiga, dor de cabeça, febre e dor muscular.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também já declarou diversas vezes que a vacina de Oxford é segura, tanto que a agência de saúde das Nações Unidas aprovou seu uso emergencial.

“Ela é muito segura, não só porque foi testada mas também porque isso [a pausa] mostra que ela está sendo monitorada”, explica a biomédica Mellanie Fontes-Dutra.

Frasco da vacina da farmacêutica AstraZeneca — Foto: Alessandra Tarantino/AP
Frasco da vacina da farmacêutica AstraZeneca — Foto: Alessandra Tarantino/AP

A vacina de Oxford já foi suspensa antes em algum lugar?

A suspensão temporária das aplicações após o aparecimento de eventos adversos é um procedimento comum. Isso aconteceu com a vacina de Oxford, ainda na fase de estudos, quando um paciente do Reino Unido apresentou uma reação que poderia estar ligada à vacina.

Naquela época, o laboratório suspendeu o estudo de segurança e eficácia temporariamente. Os ensaios voltaram semanas depois, quando uma equipe independente de cientistas comprovou que um efeito adverso registrado não tinha relação com a vacina.

No início do ano, o governo da Alemanha chegou a pedir que a vacina de Oxford não fosse aplicada em idosos. Isso porque as autoridades sanitárias do país questionaram a quantidade de estudos da vacina para essa faixa etária.

No entanto, a Alemanha voltou atrás e – no começo de março – recomendou a aplicação da vacina em pessoas com mais de 65 anos.

A Noruega também já havia acendido um alerta contra outra vacina, a da Pfizer/BioNTech, depois que 33 idosos morreram após tomar a primeira dose – mas uma investigação independente não ligou as mortes com o imunizante.

Já a África do Sul suspendeu a vacinação com a vacina de Oxford depois que um estudo preliminar – e apenas com voluntários jovens – apontou que o imunizante era menos eficaz para a variante 501Y.V2, dominante no país.

Quais países suspenderam a vacina desta vez?

  • Áustria (um lote)
  • Dinamarca
  • Noruega
  • Itália (um lote)

Como isso afeta a vacinação no Brasil?

A vacina de Oxford/AstraZeneca é uma das duas usadas no Brasil – a outra é a vacina CoronaVac feita em parceria pela chinesa Sinovac com o Instituto Butantan – que foram aprovadas para uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Questionada pelo G1, a Anvisa disse em nota que “está acompanhando e buscando informações junto às autoridades internacionais sobre possíveis eventos adversos relacionados ao uso da vacina de Oxford”.

Segundo a agência, não há evidências que apontem – até o momento – para uma relação entre o uso da vacina e a ocorrência de casos de trombose e embolia pulmonar como foi relatado por pacientes na Áustria.

Disse ainda que o lote da vacina que foi suspenso de uso pelas autoridades da Áustria não veio para o Brasil e que nenhum brasileiro vacinado apresentou casos de embolismo e trombose associados às vacinas para Covid-19. (G1)

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