Fetiches sexuais são mais comuns do que se imagina. Segundo pesquisa do aplicativo SexLog, o número de pessoas interessadas em fetiches sexuais cresceu em 15% entre 2023 e 2024.
Em números, são mais de 14 mil pessoas com interesse em “desejos proibidos”. Mas, será que assim como o ditado popular, realmente vale tudo entre quatro paredes? E fora delas?
Segundo a fundadora da plataforma, Mayumi Sato, o site tem como objetivo mapear, por meio de dados de comportamento, o que desperta prazer nos brasileiros.
Explorando fetiches sexuais
Os fetiches sexuais podem ser uma forma de apimentar a relação do casal, como um reconhecimento corporal em busca de autoconhecimento. Só que solteiros também podem explorar diferentes configurações, seja sozinho ou com outros parceiros.
Segundo o sexólogo Matheus Sousa, os fetiches sexuais são desejos, em sua maioria, reprimidos durante certa fase da vida que voltam como desejos sexuais.
Um ponto essencial para que o fetiche seja explorado de forma saudável é que seja consentido entre os envolvidos.
Com o consenso em vista, o desejo pode se desenvolver de diferentes formas, sem regras de como deve ou não ser feito, desde fantasias eróticas, posições sexuais e o uso de objetos diferentes.
“Eu gosto de trabalhar com a sexualidade como um sétimo sentido. Ela pode ser usada para se descobrir e perceber o mundo. Nos últimos tempos, as pessoas têm percebido cada vez mais que conhecer a sexualidade é mais saudável do que reprimir desejos”, disse o sexólogo.
Reconhecer os desejos individuais como uma forma de trabalhar a sexualidade é uma ferramenta para o autoconhecimento. Em Uberlândia, a pesquisa revelou que os fetiches listados mais frequentes são o sexo anal, voyeurismo e swing.
Ir atrás dos “desejos sexuais” realmente faz a diferença?
Bibiana Ritter, estudante de psicologia e dona de uma loja de sex shop, conta que começou a explorar a sexualidade com 18 anos, após crescer em uma casa religiosa e que reprimia assuntos relacionados ao sexo.
Ao começar a explorar mais sua sexualidade, em relacionamentos afetivos ou em momentos que estava solteira, ela começou a perceber melhora em outras áreas de sua vida. Um dos primeiros fetiches que ela explorou foi o de BDSM (bondagem, disciplina, sadismo e submissão).
]“Trabalhar a sexualidade me motiva a colocar limites quando necessário, saber quando preciso quebrar limites e me desafiar. Me ajudou bastante a ter um cuidado maior com o meu corpo, ao olhar para ele como algo poderoso.”
Ao se permitir sentir novas sensações e prazeres, a estudante começou a se autoconhecer e entender que nem tudo que ela cresceu aprendendo ser “errado”, de fato era.
“Por ser criada dentro de um lar reprimido, eu sempre pedi desculpas para tudo. Mas ter momentos que eu exercia poder de forma representativa sobre outras e pessoas e sobre mim, sem espaço pra eu ter receios e pedir desculpas, me ajudou a me preparar para eu me impor mais no dia a dia e enfrentar melhor as questões do cotidiano”.
Casas de swing: nada de bagunça
Casas de swing são espaços em que casais vão para realizarem a troca de parceiros e praticarem relações sexuais de forma pública ou privada. Diferente do que o senso comum pode levar a crer, existem regras que devem ser seguidas durante o swing.
As casas podem ser em locais físicos, como uma balada, ou podem acontecer em datas especiais, sendo realizadas em propriedades privadas.
Para Danillo do Vale, que pratica o swing há mais de 20 anos, fazer parte dele é mais do que apenas um fetiche sexual, é um estilo de vida. As pessoas envolvidas na prática desenvolvem uma rede de apoio onde se ajudam nas vidas pessoal e profissional.
Casas de swing: nada de bagunça
Casas de swing são espaços em que casais vão para realizarem a troca de parceiros e praticarem relações sexuais de forma pública ou privada. Diferente do que o senso comum pode levar a crer, existem regras que devem ser seguidas durante o swing.
As casas podem ser em locais físicos, como uma balada, ou podem acontecer em datas especiais, sendo realizadas em propriedades privadas.
Para Danillo do Vale, que pratica o swing há mais de 20 anos, fazer parte dele é mais do que apenas um fetiche sexual, é um estilo de vida. As pessoas envolvidas na prática desenvolvem uma rede de apoio onde se ajudam nas vidas pessoal e profissional.
“Pode até parecer, mas o swing não é bagunça. É mais seguro ir em uma festa swing do que ir em uma balada comum. Há regras, principalmente envolvendo a presença de homens solteiros, que devem vir acompanhados de casais. O respeito e a segurança vêm em primeiro lugar”.
Do ponto de vista psicológico, o swing é mais uma das possibilidades de fetiche sexual. De acordo com Matheus Sousa, enquanto todas as pessoas envolvidas estiverem cientes e bem com a situação, não há problemas.
Ainda segundo o sexólogo, o tabu ao falar sobre fetiches sexuais só ajuda com que os desejos fiquem mais reprimidos e o proibido se torne cada vez mais atrativo.
Falar sobre sexo e desejos como algo errado e proibido podem impedir até o desenvolvimento de outras áreas da vida que estão ligadas com o bem-estar social.
Por Ana Thommen, g1 Triângulo MG