Mais de R$ 4,7 bilhões. Esse foi o montante movimentado somente entre janeiro e março desse ano pelo setor de cosméticos no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). O valor corresponde a um crescimento de 10,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Dados complementares da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal e Cosméticos (Abihpec) mostram ainda que o Brasil representa o quarto maior mercado consumidor de cosméticos no mundo, ficando atrás somente dos Estados Unidos, China e Japão.
Mas se por um lado, o consumo dos chamados produtos de beleza é alto no país, por outro é preciso estar atento na hora de escolher o cosmético preferido nas gôndolas dos supermercados, farmácias e lojas espalhadas por aí. Para ajudar a decifrar os rótulos e entender o que realmente compõe os produtos que você consome, a professora dos cursos de Farmácia e Cosmética e Estética da Unifacs, Cacilda Guimarães, dá algumas dicas. Confira a seguir:
O que diz o produto
Hoje, muitos cosméticos estampam em sua embalagem a definição de vegano, orgânico ou natural. Mas você sabe o que quer dizer cada um deles? A professora explica a diferença. “Veganos são aqueles que não utilizam ingredientes de origem animal, como a cera de abelha, lanolina e carmim. Por possuírem essa filosofia, são cruelty-free, ou seja, também não são testados em animais”, informa.
Os orgânicos, por sua vez, são aqueles que utilizam ingredientes provenientes de uma produção orgânica, ecologicamente correta, sustentável e livre de agrotóxicos. O cosmético é natural quando não possui aditivos químicos e sintéticos, ou seja, não possui nada desenvolvido em laboratório, de forma artificial.
Checar as informações
Muitas vezes, um produto se apresenta como natural, vegano ou orgânico, mas no final das contas, não é bem assim. Por isso, vale estar atento às informações do rótulo. “Um produto que se diz natural não deve ter (ou ter em quantidades limitadas) ingredientes sintéticos em suas formulações, por exemplo, prezando sempre por matéria-prima pura em formato de óleos e extratos naturais ou compostos derivados de matérias-primas naturais”, exemplifica Cacilda.
De olho na lista de ingredientes
Nos rótulos, os ingredientes que entram na composição do produto são listados daqueles em maior concentração para os que aparecem em menor quantidade. Por isso, desconfie se um cosmético alegar possuir vários compostos naturais como sua matéria-prima, mas eles aparecem no final da listagem que vem na embalagem.
Substâncias tóxicas e nocivas: A professora explica que na formulação de alguns cosméticos são utilizadas substâncias que podem comprometer a saúde humana. Vale redobrar a atenção e até mesmo evitar o consumo se encontrar alguma delas informada no rótulo:
PEGs: Amplamente usados em cosméticos como agentes espessantes, emulsificantes e solventes, podem causar irritações e sensibilizações em peles predispostas
Triclosan: Frequentemente encontrado em desodorantes, cremes dentais, sabonetes líquidos ou em barra e produtos antiacne, pode provocar distúrbios endócrinos e alergias (pele, olhos e pulmões)
Oxibenzona: Comumente encontrado em protetores solares, esse ingrediente pode causar disfunção hormonal, além de alergias e sensibilidade à luz solar
Silicone: Geralmente utilizado como umectante e condicionante, pode tornar a pele opaca, obstruir os poros e interferir nos mecanismos de hidratação natural causando ressecamento, acne e reações alérgicas.
Tolueno: Frequentemente encontrado em esmaltes, é altamente irritante e tóxico para os sistemas respiratório, cardiovascular, renal, entre outros.
Formol: Usado como conservante e desnaturante, é comprovadamente cancerígeno além de prejudicial ao sistema respiratório.
Alumínio: é frequentemente associado a danos no sistema nervoso.
Parabenos: Seus efeitos sobre a saúde ainda não são totalmente conhecidos, mas em estudos com tecidos retirados de tumores observou-se uma grande concentração dessa substância. (Tribuna da Bahia)