Sem perceber que o microfone ainda captava sua voz, o presidente Jair Bolsonaro foi pego hoje (5) criticando as esquerdas da América do Sul, dizendo que quando “eles perdem” as eleições, eles acusam o processo de ser um golpe.
O presidente fez a queixa quando passava simbolicamente a presidência pro-tempore do Mercosul para o paraguaio Mario Abdo Benitez. “Queria continuar presidente (do Mercosul), não dá para dar um golpe não? Tudo quando eles perdem, diz que é golpe. É impressionante né?”, disse Bolsonaro.
A fala fazia referência aos problemas na Bolívia. Pouco antes da passagem da presidência pro-tempore, a vice-presidente do Uruguai, Lucía Topolansky, afirmou que houve “quebra institucional” na Bolívia, e reforçou que “na democracia não existem atalhos”.
A chanceler boliviana, Karen Longaric, representando a autoproclamada presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, disse que não houve quebra institucional, pois a Assembleia Nacional segue funcionando, e que “a força moral do povo boliviano que obrigou Evo Morales a deixar a Presidência”.
“Como se pode dizer que houve golpe de Estado se a Assembleia continua funcionando, com representantes do partido que deixou o governo, e acaba de aprovar por unanimidade a convocatória eleitoral?”, disse Longaric. Apenas o Brasil reconheceu imediatamente o governo de Áñez, apesar da Argentina e do Paraguai terem apoiado uma transição no país.
(Metro1)