Crianças das classes D e E têm quatro vezes mais chances de largar a escola do que as dos grupos A e B
Um levantamento realizado pelo Ipec (antigo Ibope) a pedido do Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e divulgado nesta quinta-feira (15), indica que dois milhões de cidadãos brasileiros, entre 11 e 19 anos, abandonaram a escola sem terminar a educação básica. Isso significa que 11% dos entrevistados não estão frequentando a escola.
Esse é um dos principais estudos realizados após dois anos de pandemia de Covid-19.
Feita em agosto deste ano, a pesquisa ouviu crianças e adolescentes de todas as regiões do país. Os números mostram que a população mais afetada pela evasão escolar é a mais vulnerável. Em todo o país, chega a 17% o abandono escolar nas classes D e E, enquanto nas classes A e B, o número é de 4%.
Entre os motivos que fizeram esses pré e adolescentes tomarem a decisão de largar a educação, quase a metade (48%) informa que foi “porque tinha de trabalhar fora”. Em 29% das respostas, o motivo foi pela falta de aulas presenciais, em 28% foi porque “tinham que cuidar de familiares”. Com porcentagens menores apareceram falta de transporte, gravidez, deficiência e racismo.
Entre os que permanecem na escola, 21% pensam em desistir dela. O principal motivo é a dificuldade de aprendizagem, em acompanhar os conteúdos ou com a didática dos professores (50%).
À pergunta se aprenderam tudo o que deveriam ter aprendido nas aulas remotas durante a pandemia, 25% dos alunos responderam que não aprenderam o que deveria.
Um ponto positivo apresentado pelo estudo está relacionado à preocupação com a recuperação do conteúdo que não foi assimilado durante o isolamento social. Os dados mostram que 31% dos alunos participaram de aulas de reforço oferecidas pela escola; destes, 68% consideram que essas atividades têm contribuído muito para a evolução do aprendizado. (Bahia.ba)