O ex-ministro José Dirceu se entregou às 21h30 desta sexta-feira (17) para a Polícia Federal em Curitiba, após o juiz da 13º Vara Federal de Curitiba, Luiz Antônio Bonat, ter determinado que ele se entregasse até as 16h. Dirceu chegou falando ao telefone no banco da frente de uma camionete Hyundai. Ele estava em Brasília, de onde saiu na madrugada desta sexta em direção à capital paranaense.
O político ficará detido na carceragem da PF com os demais presos, mas deve ser transferido para o Complexo Médico Penal, na região metropolitana da capital, na próxima semana. A defesa de Dirceu informou à Justiça que ele não conseguiria chegar a Curitiba até as 16h, como inicialmente estabelecido pela Justiça, devido à distância entre Brasília e a capital paranaense e ao mau tempo que fazia no trajeto.
O ex-deputado petista Wadih Damous, que visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na PF em Curitiba nesta sexta, disse que um acidente na BR-116, no trecho entre São Paulo e Curitiba, também atrasou a chegada de Dirceu à cidade. São cerca de 1,3 mil km de distância entre as duas cidades, em uma viagem que dura cerca de 16 horas de carro.
A ordem de Bonat, juiz da Lava Jato, foi emitida após o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre, ter decidido que Dirceu deve cumprir a pena de oito anos e dez meses pelo caso de corrupção envolvendo a Petrobras, no âmbito da Lava Jato.
O processo envolve o pagamento de propina por contratos superfaturados da Petrobras com a empresa Apolo Tubulars, entre os anos de 2009 e 2012. De acordo com o TRF-4, os valores chegaram a R$ 7 milhões, repassados a Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, e a Dirceu.
Em uma mensagem de áudio enviada na noite desta quinta-feira (16) para a militância petista, Dirceu afirmou que “o vulcão já está em erupção” e chamou o cumprimento da sua pena na cadeia de “mais uma trincheira de luta”.”Estamos aqui nos preparando para mais essa trincheira de luta, vamos ver assim”, diz ele no áudio. “Tem uma série de recursos jurídicos a curto prazo. Tem uma série de decisões para serem retomadas lá no Supremo, no STJ. Vamos ver se nós conseguimos justiça a curto prazo”, afirmou Dirceu em outro trecho da mensagem.
Na sequência, Dirceu diz que se preparou para retornar à prisão. “Eu me preparei para isso, vou retomar o segundo volume lá [de seu livro], vou ler mais, manter a saúde, manter o contato.”
Por fim, o político chama a militância para a luta e diz que o Brasil está mudando. “Fiquem aí na trincheira de vocês que é nossa, vamos à luta. O Brasil já está mudando, o vulcão já está em erupção, como eu disse no Tuca [teatro onde lançou seu livro em São Paulo]: ‘Um vulcão embaixo de um país de jovens e mulheres vai, como está acontecendo, entrar em erupção'”, disse.
IDAS E VINDAS DE DIRCEU NA LAVA JATO
ago.2015 – O juiz Sergio Moro manda prender preventivamente o ex-ministro José Dirceu com a deflagração da 17ª fase da Lava Jato, denominada Pixuleco
jun.2016 – Moro condena Dirceu pela primeira vez, a 20 anos e 10 meses de prisão, pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa
mar.2017 – Moro condena Dirceu pela segunda vez, a 11 anos e três meses de prisão, por corrupção e lavagem de dinheiro
mai.2017 – STF concede habeas corpus e liberta José Dirceu, permitindo que ele aguarde o julgamento dos recursos em liberdade
set.2017 – O TRF-4 confirma a primeira condenação de Dirceu e eleva a pena para 30 anos e nove meses de prisão
nov.2017 – TRF-4 nega embargos de declaração interpostos pela defesa de Dirceu
abr.2018 – TRF-4 julga embargos infringentes de Dirceu e mantém a condenação do ex-ministro
mai.2018 – Dirceu tem o último recurso negado, e a 13ª Vara Federal determina a prisão do ex-ministro
jun.2018 – Por 3 votos a 1, a Segunda Turma do STF concede liminar em habeas corpus para que Dirceu aguarde em liberdade o julgamento da reclamação que pede sua soltura até o esgotamento da análise dos recursos nas cortes superiores -STJ e STF
mai.2019 – TRF-4 decide que Dirceu deve cumprir a pena de oito anos e dez meses pelo caso de corrupção envolvendo a Petrobras, no âmbito da Lava Jato. (folhapress)