Expectativa de vida dos baianos ao nascer é a 9ª mais baixa do país

Estado caiu no ranking pelo segundo ano consecutivo, segundo IBGE

A expectativa de vida dos baianos aumentou, mas o resultado não é muito animador quando observado o contexto. Em média, os meninos e meninas que vieram ao mundo em 2021 vão viver 2 meses mais que aqueles que nasceram em 2020 e podem alcançar os 74 anos e seis meses de vida. Porém, eles vão viver 2 anos e meio a menos que a média nacional que é de 77 anos. A Bahia tem a 9ª expectativa de vida mais baixa do Brasil.

Segundo a pesquisa Tábuas Completas de Mortalidade de 2021, divulgada nessa sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os baianos caíram no ranking nacional pelo segundo ano consecutivo.

Entre 2014 e 2019, o estado manteve a 11ª posição, mas em 2020, ano da pandemia, foi ultrapassado pelo Tocantins (TO), caindo para o 10º lugar, e em 2021, foi a vez de a Paraíba (PB) passar na frente, empurrando os baianos para o 9º degrau. No documento, o IBGE diz que a pesquisa foi realizada com base no último Censo.  

“As Tábuas de Mortalidade são o resultado de uma projeção da mortalidade que tem como pontos de partida dados do Censo Demográfico 2010, informações sobre os registros de óbitos e o conhecimento acerca da transição demográfica e epidemiológica da população brasileira”, diz.

O órgão explicou que a pesquisa não incorpora os efeitos da pandemia e que um novo levantamento será feito após a publicação do Censo Demográfico 2022. O texto lembra também que os dados sobre expectativa de vida são usados como parâmetro do fator previdenciário, no cálculo das aposentadorias do Regime Geral de Previdência Social.

Gênero
A pesquisa apontou que as mulheres baianas conseguem viver até 9 anos e três meses mais que os homens. Essa foi a segunda maior diferença de expectativas de vida entre gêneros do país, ficando atrás apenas de Alagoas, onde elas vivem, em média, 9,5 anos a mais que eles.

A médica geriatra e coordenadora do Centro de Geriatria das Obras Sociais Irmã Dulce, Manuela Magalhães, disse que isso não é por acaso.

“No mundo todo nascem mais homens, mas são as mulheres que vivem mais. Elas, geralmente, procuram mais as unidades de saúde e se cuidam mais que eles. Além disso, apesar das mudanças nos últimos anos, os homens ainda desenvolvem mais atividades de risco para a saúde do que as mulheres”, explicou.

A geriatra frisou que o envelhecimento acontece ao longo da vida e que uma velhice saudável é possível, mas depende das decisões tomadas desde o nascimento, como o aleitamento materno, alimentação saudável, prática de atividade física regular, não fumar, beber com moderação, tratar as doenças e dormir bem.

“As doenças mais comuns nessa fase da vida são as cardiovasculares, como hipertensão, infarto e AVC; neoplásicas, como próstata, mama e intestino; e respiratórias, que tem a ver com o hábito de fumar, além do diabetes. Mas o mais comum são as artroses e a hipertensão”, disse.

Ela acredita que o envelhecimento pode melhorar com a vacinação em massa contra doenças, adotando as medidas já citadas e mudando hábitos. “O Brasil conseguiu reduzir o tabagismo, mas ele está voltando com a moda dos cigarros eletrônicos. E o aumento da obesidade é outro ponto que preocupa”, disse.

Infraestrutura
Há 20 anos, a expectativa de vida na Bahia era de 69 anos. Em 2011, era de 72 anos. E agora, alcançamos 74 anos. O arquiteto, urbanista e professor de planejamento urbano da Unifacs, Armando Branco, explicou que o aumento da longevidade exige a adequação dos espaços públicos e que a Organização das Nações Unidas (ONU) foi a primeira entidade a falar em adaptação das vias para a população idosa, na década de 1960.

“Os cursos de engenharia e arquitetura e as prefeituras e órgãos governamentais têm dado mais atenção para as questões de acessibilidade, e muito disso se deve a legislações mais modernas que oferecem um suporte muito bom nesse sentido. Um projeto que tenha uma encosta, por exemplo, dificilmente será aprovado se não tiver rampa e corrimão”, disse.

Mas o professor frisou que muitas cidades brasileiras foram construídas de forma desordenada, e que por falta de conhecimento ou de interesse não foram pensadas alternativas de acessibilidade para os idosos, o que exige uma readequação desses espaços.

“Os novos projetos de vias e de edificações estão atentos, mas é necessário fazer adequações no que já existe, como o rebaixamento de meio-fio, a instalação de rampas, a redução da velocidade de veículos em alguns pontos e a melhor distribuição dos espaços livres e das praças, que são locais de socialização”, afirmou o urbanista.

O professor explicou que essas transformações vêm ocorrendo em muitos municípios, mas que o desafio é alcançar a periferia. A cozinheira Rita Santos, 68 anos, mora em no Subúrbio Ferroviário de Salvador e, para chegar e sair de casa, precisa subir duas ladeiras.

“O ponto de ônibus fica na parte de baixo do bairro, não tenho outra alternativa. Quando chove é pior, porque a ladeira fica escorregadia e tenho medo de cair de novo, já me machuquei uma vez. Talvez se tivesse um corrimão fosse mais fácil, mas também não sei se seria possível, porque o local não tem espaço adequado para isso”, contou.

Confira a tabela com a expectativa de vida dos baianos nos últimos dez anos:

  • 2011 – 72,2 anos
  • 2012 – 72,4 anos
  • 2013 – 72,7 anos
  • 2014 – 72,9 anos
  • 2015 – 73,2 anos
  • 2016 – 73,4 anos
  • 2017 – 73,7 anos
  • 2018 – 73,9 anos
  • 2019 – 74,1 anos
  • 2020 – 74,4 anos
  • 2021 – 74,6 anos

Veja os estados com as maiores expectativas de vida do país:

  • Santa Catarina (80,5 anos)
  • Espírito Santo (79,6 anos)
  • São Paulo (79,3 anos)
  • Distrito Federal (79,3 anos)
  • Rio Grande do Sul (79 anos)
  • Paraná (78,5 anos)
  • Minas Gerais (78,4 anos)
  • Rio de Janeiro (77,6 anos)
  • Rio Grande do Norte (76,8 anos)
  • Mato Grosso do Sul (76,8 anos)

Veja quais os estados com as menores expectativas de vida do Brasil:

  • Piauí (71,9 anos)
  • Maranhão (71,9 anos)
  • Rondônia (72,3 anos)
  • Roraima (73 anos)
  • Pará (73 anos)
  • Amazonas (73 anos)
  • Alagoas (73,3 anos)
  • Sergipe (73,9 anos)
  • Bahia (74,6 anos)
  • Paraíba (74,6 anos)

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