Extremistas já mataram mais de 1000 cristãos só em 2019 na Nigéria, diz relatório

Igreja Anglicana de São Pedro em Zangam, Nigéria | Confiança de Ajuda Humanitária

Um relatório espantoso divulgado pela organização sem fins lucrativos Humanitarian Aid Relief Trust (HART), sediada no Reino Unido, revelou que apenas em 2019 já foram assassinatos mais de 1000 cristãos na Nigéria, todos vítimas do extremismo político-religioso que assola o país há anos.

Os números foram colhidos com base em um levantamento de dados junto às comunidades locais, forças de segurança, veículos de comunicação e do próprio governo nigeriano. O relatório confirma o alerta de genocídio de cristãos em curso no país, feito por líderes e organizações desde o início do ano.

O documento foi intitulado como “Sua terra ou seu corpo: a crescente perseguição e deslocamento de cristãos no norte e no centro da Nigéria”, publicado em 18 de novembro passado, e desde então vem obtendo grande repercussão internacional.

Fulanis e Boko Haram

Os dados do relatório apontam que dois grupos principais são os responsáveis pelas mortes dos cristãos, os da etnia Fulani e o Boko Haram. Os fulanis são agricultores e criadores de animais que com o passar dos anos foram aliciados pelo terrorismo islâmico, recebendo armas e adotando o mesmo viés radical.

O Boko Haram é conhecido também como o “Estado Islâmico da África”, devido ao seu nível de influência e número de ataques já realizados. “As milícias islâmicas Fulani continuam se engajando em uma política agressiva e estratégica de apropriação de terras em Plateau, Benue, Taraba, Kaduna do Sul e partes do estado de Bauchi”, informou a HART.

“Eles atacam aldeias rurais, forçam os moradores a deixar suas terras e a se estabelecerem em seu lugar – uma estratégia que é resumida pela máxima: ‘Sua terra ou seu sangue’”, diz o relatório, segundo informações do Christian Post.

O documento estima que desde 2015 cerca de 6.000 mil cristãos já foram mortos em decorrência do extremismo islâmico, enquanto outros 12.000 precisaram abandonar suas casas em busca de locais mais seguros.

“Em todas as aldeias, a mensagem da população local é a mesma:‘ Por favor, ajude-nos! Os Fulani estão chegando. Não estamos seguros em nossas próprias casas”, diz o documento.

Apesar da gravidade, muitas igrejas ao redor do mundo desconhecem o genocídio de cristãos em curso na Nigéria. Agências de vigilância religiosa, como a Portas Abertas, monitoram tais casos, mas o nível de engajamento das autoridades cristãs ainda é muito baixo, o que contribui para o sofrimento das comunidades cristãs nessas localidades.

“Nossa casa está destruída. O hospital foi queimado. Eles tentaram queimar o teto da igreja empilhando as cadeiras, como uma fogueira”, disse um sobrevivente de Karamai. “A vida é assustadora por aqui. Às vezes, recebemos mensagens anunciando um novo ataque. Então nós corremos para nos esconder. Não temos como nos defender. Não temos armas para isso. Não há nenhum tipo de segurança ou apoio”.

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