A temporada de 2019 da Fórmula 1 promete ser o terceiro capítulo de uma briga que demorou anos para acontecer: Lewis Hamilton x Sebastian Vettel. E o terceiro ano do duelo começa desequilibrado a favor do inglês, que conquistou, por antecipação, os títulos de 2017 e 2018. Em ambos os campeonatos, a Ferrari de Vettel começou melhor, mas perdeu terreno para a Mercedes de Hamilton e, para completar, o alemão errou muito mais que o inglês. Após os testes da pré-temporada, o cenário parece se repetir, com a escudeira italiana bastante rápida, e a equipe alemã revolucionando seu carro para tentar chegar nos ferraristas, que nesta temporada serão comandados pelo ex-diretor técnico Mattia Binotto. “Todos querem o título”, afirmou Hamilton. “Temos que esperar que a Ferrari vai dar um passo adiante e também que Sebastian estará mais forte neste ano. Então isso significa que nós temos que ser melhores. Tivemos boas brigas, e ano passado foi a minha favorita. Espero que possamos continuar nessa briga, tomara que com a Red Bull também porque isso seria bom para os fãs.” Vettel, por sua vez, desconversou quando perguntado pela reportagem sobre o que teria que fazer para começar a virar o jogo contra Hamilton. “Primeiro temos de saber onde nós estamos. Pode ser que a briga seja com a Red Bull por exemplo, ou com o Charles [Leclerc, seu companheiro na Ferrari], o que seria o melhor dos mundos. Mas, seja contra quem for, o segredo é só um: ganhar.” Hamilton e Vettel não são exatamente da mesma geração -o inglês, apesar de só dois anos mais velho, sempre esteve um passo à frente do alemão desde as categorias de base: quando estava lutando por títulos, Sebastian era estreante. Portanto, apesar de terem coincidido, por exemplo, na F-3, não foram rivais diretos. A história acabou se repetindo por boa parte de suas carreiras na Fórmula 1. Ambos estrearam em 2007, mas em condições bem diferentes: Hamilton por uma das melhores equipes da época, a McLaren, e Vettel como substituto de um machucado Kubica andando no meio do pelotão inicialmente, na BMW, e depois em uma equipe mais próxima do fundo do que do meio naquele ano, a Toro Rosso. Nos anos seguintes, a carreira dos dois passaria por uma inversão: a McLaren de Hamilton perdeu terreno com a mudança de regras de 2009, e a agora Red Bull, na época com Vettel, tornou-se a equipe mais forte, com quatro títulos do alemão entre entre 2010 e 2013. O destino quis que os dois só se enfrentassem realmente mais maduros, com Hamilton agora na Mercedes, e Vettel na Ferrari. Tanto em 2017, quanto em 2018, foram dois erros do piloto alemão que começaram a fazer desmoronar uma vantagem que tinha sido construída até ali: no primeiro ano, ele perdeu a cabeça e jogou o carro em cima do rival no GP do Azerbaijão, e no segundo, bateu sozinho enquanto liderava no GP da Alemanha. Paralelamente a isso, a Ferrari pecou no desenvolvimento do carro, enquanto a Mercedes foi passando, uma a uma, por cada prova que lhe era colocada: tanto em 2017, quanto em 2018, o time demorou algumas provas para se entender com os pneus, especialmente os mais macios e em asfaltos mais quentes, desenvolveu carro e motor -pela primeira vez seriamente ameaçado pela Ferrari ano passado- sem tropeços, manteve o ambiente saudável internamente, dando a base para Hamilton virar o jogo na pista. Até por esse histórico, mesmo se vencer a corrida de abertura da temporada, em Melbourne, com treinos livres a partir das 22h desta quinta-feira (14) e corrida às 2h10 da madrugada do domingo (17), Vettel sabe que ainda terá muito campeonato pela frente para finalmente bater Hamilton.