O Instagram disse nesta sexta-feira (10) que vai banir conteúdos que promovem a chamada “terapia de conversão sexual”, que visa alterar a orientação sexual ou a identidade de gênero de uma pessoa, conhecida como “cura gay”.
A gigante das redes sociais já havia anunciado no início deste ano que não permitiria mais anúncios deste tipo. Segundo a plataforma, estes conteúdos são variados podem ser divulgados em formato de rede de aconselhamento, orientações para “rezar para os gays” e até conteúdos de violência sexual.
O bloqueio vai se estender também para posts prometendo “converter” indivíduos transgêneros. “Não permitimos ataques contra pessoas com base em orientação sexual ou identidade de gênero”, disse Tara Hopkins, diretora de políticas públicas do Instagram para Europa, Oriente Médio e África. “Estamos atualizando nossas políticas para proibir a promoção destes serviços.”
A porta-voz do Instagram, que é de propriedade do Facebook, disse que levaria tempo para atualizar todas as políticas e o conteúdo sinalizado pelos usuários não podem ser removidos imediatamente.
Victor Madrigal, especialista independente ONU (Organização das Nações Unidas) em orientação sexual e identidade de gênero pediu no mês passado a proibição global da terapia de conversão, descrevendo-a como “cruel, desumana e degradante”.
Mesmo com a resolução da OMS (Organização Mundial da Saúde), que retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais, as chamadas “terapias de conversão sexual” são utilizadas mundo afora e se baseiam na teoria de que seria possível alterar a orientação sexual de uma pessoa.
Um número crescente de países – incluindo Estados Unidos, Canadá, Chile e México – está revisando suas leis referentes a estes tratamentos. Brasil, Equador e Malta têm proibições nacionais de terapia de conversão, enquanto a Alemanha proibiu o tratamento para menores em maio deste ano.
A ação do Instagram é “um passo na direção certa, mas teríamos que esperar e ver exatamente que tipo de ação eles tomariam”, disse Harry Hitchens, co-fundador do grupo Ban Conversion Therapy, à Thomson Reuters Foundation.
O grupo enviou nesta quinta-feira (9) uma carta aberta à Ministra da Igualdade da Grã-Bretanha, Liz Truss, pedindo que ela “introduzisse uma proibição verdadeiramente eficaz da terapia de conversão para todas as pessoas lésbicas, gays, bi, trans e de gênero no Reino Unido”.
Entre os que assinaram a carta estavam os músicos Elton John e Dua Lipa e o escritor e ator Stephen Fry.
Em uma pesquisa global com 1.641 sobreviventes de terapia de conversão publicada foi publicada pela ONU em maio deste ano. 46% identificaram os autores como prestadores de serviços médicos e de saúde mental, enquanto 19% eram autoridades religiosas e curandeiros tradicionais.
Bisi Alimi, um ativista nigeriano que passou por terapia de conversão aos 16 anos de idade, elogiou a proibição do Instagram, mas disse que está “atrasada”.
“O que está faltando para mim em toda essa conversa é o rosto dela, o horror dela. E eu não me importo com o quão terrível é, as pessoas precisam vê-la e ver seres humanos reais compartilhando sua história em público”, disse. (Uol)