O mercado de criptomoedas pode estar prestes a receber um player de peso. De acordo com o “Wall Street Journal”, o projeto do Facebook de criar uma moeda virtual atrelada ao dólar, com sistema de pagamento próprio, caminha com conversas com instituições financeiras, empresas de comércio eletrônico e de processamento de pagamentos. E caso a empreitada dê certo, os usuários podem ser beneficiados: uma das ideias é que eles sejam remunerados com frações da nova moeda por visualização de anúncios, interação com conteúdos e compras dentro da plataforma. O projeto é tratado como secreto dentro da companhia, mas fontes revelaram alguns detalhes ao jornal americano. Desde a criação do bitcoin, há mais de uma década, as criptomoedas se multiplicaram, mas ainda não conseguiram alcançar os consumidores para se tornarem um método de pagamento. Com 1,5 bilhão de pessoas que visitam diariamente a rede social e mais de 2 bilhões de usuários mensais, o Facebook tem potencial para preencher essa lacuna. Para isso, o Facebook busca US$ 1 bilhão de investimentos para o projeto e mantém conversas com instituições financeiras, incluindo as bandeiras de cartões Visa e Mastercard e a empresa de processamento de pagamento First Data Corp. O dinheiro serviria de lastro para manter o valor da moeda virtual em paridade com o dólar americano, evitando as volatilidades comuns a outras criptomoedas. Recentemente, outras gigantes da tecnologia anunciaram o lançamento de produtos financeiros, como Amazon e Apple, que oferecem cartões de crédito próprios. O Facebook pretende ir além. Em dezembro do ano passado, a Bloomberg News noticiou que a companhia estava desenvolvendo uma moeda virtual para que usuários do WhatsApp pudessem transferir dinheiro. Agora, fontes afirmam que o objetivo é criar um novo sistema de pagamentos, que seja oferecido aos consumidores nas compras on-line, como o PayPal. E os consumidores poderiam “ganhar” moedas ao visualizar anúncios ou interagir com determinados conteúdos. Essa medida recompensaria as interações genuínas que a companhia tanto valoriza, numa rede social cada vez mais contaminada por exércitos de bots e pelo discurso de ódio. Também serviria como uma resposta às críticas de que o Facebook fatura bilhões de dólares explorando dados de seus usuários. Recompensas por compras dentro da plataforma também são avaliadas, algo parecido com os programas de pontos dos cartões de crédito. Os planos do Facebook de entrar na indústria de pagamentos não são novos, as primeiras discussões surgiram em 2012, com entrada da companhia na Bolsa de Valores. Em 2014, a empresa contratou David Marcus, o então presidente da PayPal, e nos últimos anos contratou engenheiros e gerentes de produtos com experiência em pagamentos e blockchain. E para atrair o comércio eletrônico, uma das ideias é reduzir ou até cortar taxas, que variam entre 2% e 3% do valor de cada transação. A empresa também trabalha para vincular as compras com os anúncios. Umas das ideias consideradas é que os usuários possam clicar em propagandas e comprar com moedas virtuais do Facebook, que os lojistas poderão usar para comprar mais anúncios. Uma ferramenta parecida, que usa dólares e sistemas tradicionais de pagamento, foi lançada em março para o Instagram. (Ibahia)