Organizações chilenas que trabalham com a defesa dos direitos sexuais, reprodutivos e femininos pedem a reparação coletiva de mais de 170 mulheres que engravidaram após usarem pílulas anticoncepcionais com defeito no país.
As vítimas tomavam o Anulette CD, método contraceptivo da farmacêutica Silesia, distribuído gratuitamente na rede de saúde do Chile, em sua maioria para mulheres jovens, de classe baixa.
O registro do medicamento foi suspenso no país em agosto de 2020, poucos dias depois de o Instituto de Saúde Pública do Chile (IPS) retirar dois lotes das pílulas de circulação após denúncias de usuárias.
Os lotes somavam 276.890 cartelas do remédio, distribuídas desde setembro de 2019. Algumas cartelas continham pílulas danificadas, ausentes ou trocadas, segundo reportagem do portal Uol.
A organização Miles Chile acumula denúncias sobre outros 27 lotes de remédios defeituosos e pede que o Chile reconheça que se trata de uma “catástrofe”, que “a informação completa e verdadeira” seja divulgada “e que haja uma reparação coletiva dessas mulheres”.
A Women’s Link, organização internacional que atua na defesa dos direitos das mulheres e acompanha o caso, pede a responsabilização do Estado e das farmacêuticas por negligência e violação dos direitos reprodutivos das mulheres envolvidas. O aborto é considerado crime no Chile, com a exceção de casos de estupro, risco de vida da mãe ou do feto.
Em outubro, o ISP suspendeu quatro lotes de outros dois anticoncepcionais por falhas na apresentação ou na concentração da substância ativa. Assim como o Aulette, o Minigest é produzido no Chile pela Silesia. Já o Conti-Marvelon é fabricado no Brasil, pelo laboratório Eurofarma e comercializado no Chile pela multinacional Merck Sharp & Dohme (MSD).
Apenas dois dos 170 casos informados à Miles Chile foram relacionados ao uso do Minigest. Nenhum deles foi ligado ao Conti-Marvelon, comercializado no Brasil com o nome Mercilon Conti. A farmacêutica afirma que os problemas aconteceram em apenas um lote do medicamento enviado ao Chile e sustenta que não há registro de falhas no Brasil. (ATarde)