Uma família vive situação de extrema insegurança alimentar na comunidade de Nova Constituinte, bairro de Periperi, em Salvador. Cristina Santos e os dois filhos moram em um barraco improvisado e contam com ajuda de vizinhos para sobreviver.
Cristina nasceu em Terra Nova, município do recôncavo baiano. Filha de pais trabalhadores da zona rural, ela não frequentou escola, e por isso, não sabe ler nem escrever e nunca teve emprego formal. Além disso, já viveu em situação de rua.
“Meus filhos são minha vida. Se eu tivesse sozinha, podia passar o que fosse. Tem dias que tinha que cozinhar mamão verde para dar para eles ou chá para ele dormir, porque ele pedia um pão, uma bolacha, eu não tinha”, relata Cristina.
A mulher passou um período pagando aluguel, com dinheiro de reciclagem e outros pequenos serviços. Porém, com a pandemia, tudo ficou mais difícil e a família passou a ocupar um barraco improvisado, feito em um matagal O local não tem estrutura adequada para eles viverem.
Cristina diz que tem cadastro no benefício social Bolsa Família, mas recentemente perdeu os documentos em uma enxurrada, que também quase derrubou o barraco. Com isso, não foi possível realizar a atualização cadastral e o benefício foi suspenso.
Uma das pessoas que ajuda a família se alimentar é Aldineia Azevedo, que mora próximo ao barraco de Cristina. Há seis anos ajuda como pode. “Eu já dei a mão Cristina e eu não vou deixar a situação dela desse jeito. Não sei como, mas vou reunir pessoas para me ajudar nessa empreitada”, disse.
A mulher segue a vida recebendo ajuda para se manter e criar os dois filhos. Para ajudar a família, a reportagem da TV Bahia disponibilizou o telefone (71) 98718-6000.
“Dou graça a Deus que Jesus colocou pessoas boas, porque Deus é muito bom, sempre coloca os anjos nele para ajudar o próximo”, disse Cristina.
Cristina Santos não está sozinha nas estatísticas da fome na Bahia. Segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019, quatro em cada 10 domicílios baianos tinham renda per capita de R$ 428 (40%). Essas pessoas enfrentavam insegurança moderada, quando há uma redução quantitativa de alimentos entre os adultos.
Além disso, os dados mostravam que, em 310 mil domicílios (12,5%), as pessoas viviam insegurança alimentar grave, quando há redução quantitativa severa de alimentos entre os adultos e crianças. Com a soma dos dois grupos, 922 mil domicílios na Bahia, no total de 2 milhões e 973 mil enfrentavam a fome. (G1)