A conquista do Oscar pelo filme “Ainda Estou Aqui” marcou um momento histórico para o cinema brasileiro. Além de consagrar o cineasta Walter Salles, a atriz Fernanda Torres e o ator Selton Mello, a vitória reforçou a potência do audiovisual nacional no cenário mundial.

Durante uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (3), Fernanda Torres comparou a comoção gerada pelo longa com a repercussão de “Terra em Transe” (1967), de Glauber Rocha. A atriz destacou o impacto da produção brasileira e a experiência coletiva vivida pelo público nos cinemas, algo cada vez menos frequente na era do streaming.

“Esse filme virou algo além dele, ele virou meio ‘Terra em Transe’. Nós ficamos muito impressionados com o poder que isso foi criando, que isso foi representando. Tínhamos muito medo de não levar o Oscar para casa”, disse Fernanda.

Considerado um dos maiores nomes do Cinema Novo, Glauber Rocha marcou a história do cinema nacional com filmes de forte crítica social, como “Terra em Transe”, que abordou desigualdade, política e revolução na fictícia Eldorado. O longa foi premiado no Festival de Cannes de 1967 e influenciou artistas do movimento tropicalista, incluindo Caetano Veloso.

A ligação entre Glauber e “Ainda Estou Aqui” também se deu de forma direta: o filme teve sua estreia antecipada em Salvador, no Cine Glauber Rocha, na Praça Castro Alves. O lançamento na capital baiana foi essencial para a qualificação do Brasil no Oscar de Melhor Filme Internacional, atendendo aos critérios da Academia.

A vitória do filme foi celebrada por grandes nomes da cultura brasileira. Gilberto Gil, ex-ministro da Cultura, fez uma homenagem à equipe nas redes sociais:

“Pode ser, sim! Que sigamos cada vez mais enxergando nosso valor. Parabéns, Nanda, Selton, Walter, Marcelo e todos os envolvidos nesta obra e neste feito histórico.”

O reconhecimento no Oscar fortalece o cinema brasileiro e reafirma sua relevância mundial, mostrando que a potência artística do país segue conquistando novos horizontes.