O ex-jogador da seleção portuguesa Luis Figo, vencedor da Bola de Ouro em 2000, condenou nesta quarta-feira a agressão de Neymar a um torcedor francês, ocorrida no sábado, após a final da Copa da França. Figo disse compreender que o atacante brasileiro possa ter agido de cabeça quente e ter sido vítima de uma provocação, mas reprovou a atitude. “Espero que isso não volte a acontecer”, comentou.
“É uma ação que tem que ser reprovada, mas entendo que depois de um jogo importante, em que você perde um título, em que você, chateado, pode perder a cabeça numa situação de provocação. Uma reação instintiva, que depois, com o olhar frio, de repente você vê o erro. É uma situação que não deve existir, mas entendo também que, por tudo o que envolveu essa ação, que ele possa ter feito o que fez. Logicamente não é uma defesa. É entender a ação”, afirmou Figo. “Se aprende nos erros, e espero que não volte a acontecer.”
Embaixador da Uefa, o português está no Rio de Janeiro em uma ação de marketing da Liga dos Campeões. A taça da principal competição de clubes da Europa foi exposta no Morro da Urca, um dos cartões postais da capital fluminense. Antes, ela já havia sido levada à Índia e à China.
Apesar de condenar a atitude de Neymar, Figo elogiou o futebol do atacante brasileiro. “Neymar é um dos melhores jogadores de todos os tempos, tem uma qualidade impressionante. É lógico, teve duas lesões que o condicionaram nos últimos anos. Acho que tem muita responsabilidade que colocam nele, de um país inteiro. Há toda uma pressão de ter que ser um jogador a levar uma equipe a ser campeã do mundo, da Europa, do que quer que seja”, comentou.
O ex-jogador preferiu não cravar se Neymar um dia será considerado o melhor jogador do mundo. “Ele pode ganhar qualquer título individual, mas eles também vêm juntos com outros títulos coletivos, títulos importantes. Depende muito também com quem está lutando por esses títulos individuais e o momento contra esses jogadores”, comentou.
SELEÇÃO – Ao ser indagado sobre o porquê de a seleção brasileira vir de uma seca de títulos, Figo preferiu evitar polêmicas, mas deu a entender que o motivo é extracampo: organização. “Não sei, é difícil dar uma opinião quando não estou diariamente aqui no Brasil. Não sei qual é o problema. Falta de talento não é, porque é um país com tantos milhões de habitantes é muito mais fácil ter uma variedade de jogadores à escolha do que Portugal, por exemplo, que tem 11 milhões. Alguma coisa pode estar falhando? Certamente, mas também posso afirmar que o êxito não é uma coisa do tipo 2 + 2 = 4. Não quer dizer que uma equipe que tem os melhores jogadores do mundo vai ser campeã”, ponderou. “Não sei como é organização do futebol brasileiro, as competições que organizam, a formação. Acho que tudo influi.”
Figo também comentou sobre a supremacia europeia no futebol nos últimos tempos. “Na Europa temos as melhores competições, tanto em nível de seleções quanto de clubes. Também é na Europa que estão, entre aspas, os melhores jogadores do mundo, o que te dá qualidade, competitividade, concorrência. Financeiramente, também é onde estão os clubes de maior poder. Essas três coisas ajudam para que todos os olhos, todos os rendimentos dos clubes, todos os títulos (fiquem lá). É difícil para os clubes da América do Sul competirem e terem os melhores jogadores aqui no continente”, analisou. (Estadão Conteúdo)