Juliane Alexandria, de 18 anos, está tranquila com relação aos seus próximos passos. Nem mesmo o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) abriu as inscrições, e ela já se sente confiante de que vai cursar Direito na Universidade Federal da Bahia (Ufba) no primeiro semestre de 2022. É porque, com a nota de 980 na redação do Enem, Juliane conseguiu ultrapassar a nota máxima de corte para o curso nos últimos anos.
Para falar sobre “Invisibilidade e registro civil”, Juliane escolheu comparar a história do protagonista do livro de João Cabral de Melo Neto, “Morte e Vida Severina”, com a vida de pessoas sem registro civil no país.
A estudante também usou uma frase do geógrafo Milton Santos para embasar sua redação. Ele diz que “não existe cidadania no Brasil”. “Você privar as pessoas de acessar os registros significa que elas não vão ter acesso a muitas coisas, como o direito de votar”, explica Juliane.
Moradora do bairro de Sete de Abril, Juliane é filha de um pintor e de uma auxiliar de sala, que sempre colocaram sua educação como prioridade. Na infância, estudou em escola particular, lá mesmo no seu bairro. “Isso já me ajudou muito para que me desse uma base que eu vou levar para toda a vida”, conta.
Aos 14 anos, depois de ficar em primeiro lugar em uma prova de bolsas, Juliane conseguiu 50% de desconto em um curso preparatório para o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), no Barbalho. Cursou e passou na prova para estudar na instituição.
“Foi um baque muito grande porque a cobrança era muito maior. E eu fui obrigada a correr atrás, era como se uma parte do ensino eu não tivesse recebido”, relembra Juliane. Mesmo vendo a diferença no ensino, durante a pandemia a situação se reverteu. Durante todo o ano de 2020, não teve aula nem remota nem presencial.
Em 2021, o esforço foi para conseguir uma redação impecável. Ao contar sobre sua preparação, a primeira coisa que Juliane faz é agradecer, sem faltar elogios, à sua professora da disciplina. “Eu tenho uma professora que foi incrível, sensacional. O nome dela é Solange Santana. Ela faz a gente levar tudo com uma leveza muito maior”, considera a jovem.
Fonte: Metro 1