Funcionários concursados da prefeitura de Belmonte, no sul da Bahia, contestaram a demissão de 109 profissionais, nesta quinta-feira (8), após o concurso que eles fizeram em 2019 ser suspenso temporariamente por 60 dias. A decisão foi publicada através de um decreto no Diário Oficial da cidade no dia 4 de março.
Segundo o prefeito de Belmonte, Bebeto Gama, a suspensão dos aprovados no concurso aconteceu por causa de uma recomendação do Ministério Público que teria alegado irregularidades.
A Procuradoria Jurídica do município, informou que a legalidade do concurso está sendo analisada por uma comissão da própria prefeitura e que o resultado deve ser divulgado até o dia 4 de maio.
De acordo com o encanador Everaldo Paixão, ele foi aprovado, tomou posse em 28 de dezembro de 2020 e trabalhou os meses de janeiro e fevereiro deste ano. No entanto, em 4 de março, teve que parar de trabalhar por causa do decreto.
“Cheguei lá [e disseram]: ‘ah, vocês estão postos para fora’, e depois de uns cinco dias que me mandaram uma carta, dizendo para eu ficar em casa dois meses esperando o resultado da Justiça”, disse o encanador.
Everaldo demonstrou ainda a frustração que teve após ter estudado para conseguir a aprovação.
“Estudei dia e noite para passar. Passei com meus esforços. Quando estava trabalhando, já há dois meses recebendo nosso salário, não tive nenhuma notificação, e fomos mandados embora assim de repente”, explicou.
O encanador disse que só não está passando dificuldades, porque tem buscado outras atividades para conseguir sustentar a família.
“Hoje estamos sem salário, quase passando necessidade, não estou passando porque sou filho de Belmonte, conheço algumas localidades como a pesca e o manguezal para ir atrás do sustento da minha família”, comentou.
Quem também perdeu o emprego foi o agente de endemias, Walney Amorim.
“Afastaram a gente, que fizemos concurso e passamos, como é que vamos sustentar nossa família e pagar nossas contas?”, questionou.
Ainda de acordo com os funcionários, a prefeitura de Belmonte começou a contratar novos profissionais no dia seguinte em que o decreto com a demissão foi publicado. Segundo eles, as pessoas estão sendo contratadas para assumir as mesmas vagas, mas no regime de contrato.
A técnica em radiologia, Arnúboa Aberceb, passou no concurso, foi demitida, e contratada para mesma função.
“O salário é o mesmo, o que aumentou foi a carga horária, porque em um setor que tinha sete [funcionários] estão três agora. Chamaram dois de volta do concurso, só que no regime de contrato”, explicou. (G1)