O governo do presidente Jair Bolsonaro deve baixar uma portaria até a sexta-feira (1), desobrigando o uso de máscaras nas repartições federais de todo o país.
Ela está sendo finalizada no Ministério da Saúde, que deve editar a medida.
O fim da obrigatoriedade vinha sendo defendido por Bolsonaro desde meados do ano passado, mas o ministro Marcelo Queiroga sempre insistiu que a medida seria tomada no momento certo, quanto a situação sanitária do país melhorasse e o equipamento de segurança não fosse mais crucial para evitar a disseminação veloz do coronavírus.
Em junho do ano passado, o presidente chegou a anunciar que o Ministério da Saúde publicaria um parecer desobrigando o uso de máscaras –o que não aconteceu.
Uma nova investida foi feita no fim do ano, mas a chegada da variante Ômicron adiou uma vez mais os planos.
Agora, com média móvel de 217 mortes diárias no país, o menor patamar desde 19 de janeiro, e a população brasileira amplamente vacinada –cerca de 75% completaram a imunização com duas doses ou dose única –, a Saúde julga que chegou o momento de derrubar a obrigatoriedade do uso.
No dia 7 de março, o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD-RJ), anunciou que o uso do equipamento de segurança não seria mais obrigatório sequer em locais fechados.
Dez dias depois, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP) seguiu o exemplo, e divulgou a mesma medida, mantendo o uso no transporte público e em equipamentos de saúde, como ambulatórios e hospitais.
A flexibilização do uso das máscaras foi criticada por médicos e especialistas, que ainda recomendam o uso e consideraram o fim da obrigatoriedade precipitado. As comissões formadas por médicos de universidades como USP e Unicamp, por exemplo, seguem recomendando o uso em locais fechados de suas dependências –e mesmo nos abertos, em situações de aglomeração.
O médico Drauzio Varella afirmou, em artigo na Folha, que seria mais sensato que os governos aguardassem a confirmação de que a Covid-19 está controlada no país.
“Nestes dias temos visto lockdown em cidades chinesas, porque o número de infectados aumentou seis vezes em comparação com o de duas semanas atrás. Na Coreia do Sul os casos duplicaram nesse período; na Alemanha, Áustria, França, Holanda Itália, Suíça e no Reino Unido, a média móvel do número de infecções e de mortes cresceu significativamente. Depois de ter liberado, a Áustria voltou a exigir o uso de máscaras em lugares fechados”, lembrou ele.
“Aqui, a média móvel de casos e a de mortes por Covid têm caído, mas ainda perdem a vida cerca de 300 brasileiros por dia. É pouco? Não seria mais sensato aguardarmos algumas semanas, para ter certeza de que não haverá entre nós a disseminação da Covid que agora aflige asiáticos e europeus? Há razão para tanta pressa? Justamente quando a pandemia começa a dar uma pequena trégua vamos relaxar, só para atender aos interesses de alguns políticos?”, questionou.
A portaria do governo que vai flexibilizar o uso de máscaras em repartições públicas terá validade imediata, a partir do dia de sua publicação. (Bahia Noticias)