A greve dos servidores do Poder Judiciário da Bahia ultrapassou a marca de 15 dias sem qualquer avanço nas negociações. Em entrevista ao Voz da Bahia, o delegado sindical do SINTAJ (Sindicato dos Servidores dos Serviços Auxiliares do Poder Judiciário), Charles França — que atua no Fórum Desembargador Wilde Oliveira Lima, em Santo Antônio de Jesus — esclareceu os motivos da paralisação e lamentou a ausência de diálogo por parte do Governo do Estado [VEJA VÍDEO NO FINAL DA MATÉRIA].
Segundo França, o principal objetivo do movimento grevista é a recomposição inflacionária dos salários, que, de acordo com ele, estão congelados há cerca de dez anos.
“Não se trata de aumento, mas de recuperar o poder de compra perdido ao longo dos anos. Nosso salário-base está congelado há 10 anos”, destacou o servidor.
Projeto paralisado entre os três poderes
França explicou que foi elaborado um plano de recomposição salarial com participação do próprio Tribunal de Justiça da Bahia. A proposta previa uma recuperação gradativa, ao longo de oito anos, dos mais de 54% de perda inflacionária acumulada.
Apesar disso, o projeto enviado à Assembleia Legislativa da Bahia está travado, sem avanço entre os poderes.
“O governo e a Assembleia não se entendem com o Tribunal de Justiça, e isso travou o processo. A proposta está parada”, criticou.
Governo e Assembleia ausentes do diálogo
O representante do SINTAJ lamentou a falta de abertura por parte do Executivo para o diálogo com os servidores. Ele apontou que tanto o Governo quanto a Assembleia dependem um do outro, o que tem gerado um “jogo de empurra” que impede qualquer avanço.
“O governador não nos chamou para conversar, mesmo sendo servidor público de origem. A Assembleia também não avança por depender do aval do Executivo. Nesse jogo de empurra, nada anda”, afirmou.
Greve continua e serviços são afetados
Diante do impasse, a categoria decidiu manter a greve por tempo indeterminado. França destacou que os serviços do Judiciário estão fortemente impactados, principalmente nos Juizados Especiais, onde atua como diretor.
“Atendemos demandas de consumidores, causas cíveis e criminais de menor potencial ofensivo. Esses processos estão paralisados, exceto os de urgência, como os que envolvem verbas alimentícias, que continuam sendo atendidos”, explicou.
Comunicação com a sociedade e apelo final
Para manter a população informada, os sindicatos SINTAJ e SINDOJUS têm utilizado redes sociais, além de canais diretos como telefone, e-mail e balcão virtual.
“Estamos à disposição para esclarecer dúvidas e atender casos emergenciais”, frisou.
Charles França finalizou a entrevista com um apelo aos poderes do Estado e à sociedade civil:
“Somos mais de quatro mil servidores ativos, responsáveis por movimentar a máquina judiciária. Esperamos que os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário cheguem a um acordo para que possamos retomar nossas atividades e regularizar os serviços o mais rápido possível.”, concluiu.
ASSISTA A ENTREVISTA ABAIXO: