Haddad atribui queda no lucro da Petrobras e alta do dólar ao cenário externo

Segundo o ministro, os preços dos combustíveis da Petrobras não podem ser alterados pela volatilidade da especulação do mercado externo.

Fonte: Acervo Voz da Bahia

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse nesta sexta-feira (4) que o resultado financeiro do segundo trimestre da Petrobras foi impactado por questões externas, e não tem relação com alguma condição estrutural do ambiente doméstico.

Segundo o ministro, os preços dos combustíveis da Petrobras não podem ser alterados pela volatilidade da especulação do mercado externo.

De abril a junho deste ano, no primeiro balanço após a nova política de preços da estatal, a Petrobras registrou lucro líquido de R$ 28,8 bilhões, queda de 47% frente igual período do ano passado.

O ministro citou o impacto da queda dos preços internacionais de petróleo e do dólar no resultado da petroleira, e descartou que haja uma questão estrutural prejudicando os números da empresa.

“Quero pedir cautela para não passar para a opinião pública algo que é externo como se fosse estrutural”, disse Haddad a jornalistas no escritório do Ministério da Fazenda em São Paulo.

Assim como a Petrobras, o ministro também relacionou a alta de quase 2% do dólar na última quinta (3) à turbulência no mercado de títulos americano.

Segundo Haddad, não houve erro por parte do Banco Central com relação à calibragem do corte na taxa básica de juros (Selic), e não foi esse fator que impactou na depreciação do real. A redução de 0,5 ponto percentual na taxa, em vez de 0,25 ponto, quebrou expectativas de uma parte do mercado.

“Ontem, por causa da colocação de títulos no mercado americano, o câmbio subiu para R$ 4,92, todo mundo entrou em desespero e hoje já está a R$ 4,85. Então, não podemos nos fiar em uma coisa de um dia ou dois”, afirmou o ministro.

“A economia internacional ainda está muito instável. Não precisamos importar a instabilidade da economia internacional para cá. Só quando tiver uma condição estrutural vamos ter que dar uma resposta.”

Haddad voltou a elogiar a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) e disse que foi tomada com base em condições técnicas. O ministro citou novamente a desaceleração da atividade econômica, com a consequente queda de arrecadação não apenas pela União, mas também por estados e municípios, como justificativa para uma queda mais intensa da taxa básica de juros.

PRECATÓRIOS

Haddad anunciou ainda que recebeu nesta sexta (4) os dados do Tesouro Nacional de fechamento dos precatórios. Segundo o ministro, anteriormente, esperava-se um volume em torno de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões de estoques acumulados com vencimento até 2027, ou seja, referente ao governo passado.

Agora, a estimativa atual é de que esse estoque seja menos de R$ 10 bilhões, perto dos R$ 7 bilhões.

“Isso faz crer que houve uma espécie de bolha de condenações em virtude de decisões da Justiça, mas tudo concorre para que o patamar de precatórios volte para uma trajetória razoavelmente administrável”, disse.

Precatórios são dívidas judiciais conquistadas por cidadãos na Justiça e que devem ser pagas pela União ou por estados e municípios.

“Essa é uma herança ruim do governo passado”, disse Haddad mencionando a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Precatórios, por meio da qual o governo deixou de honrar esse compromisso. “Penso que tudo está caminhando conforme estamos prevendo, nós vamos ter uma solução e não vamos deixar essa bomba para o governo que vem”, completou.

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