O Pantanal já está em chamas há mais de 40 dias, e a estimativa é que o fogo continue a se alastrar nas próximas semanas, pois não há previsão de chuva. A situação mobiliza as redes sociais: durante a semana, uma hashtag sobre o tema ficou entre os principais assuntos no Twitter do mundo todo. Nesta quarta-feira (9), a #SavePantanal está em quarto lugar entre os tópicos mais falados no Brasil. Muitos compartilham abaixo-assinados e links para fazer doações a ações de combate ao fogo e resgate de animais.
Também foi elaborado por ativistas e comunicadores um texto-base, que está sendo divulgado para que os interessados enviem ao Ministério do Meio Ambiente e a outras autoridades e entidades ambientais. “Entramos em contato por um pedido de socorro pelo Pantanal mato-grossense”, começa o manifesto, que lista uma série de informações sobre os incêndios e a decorrente devastação do bioma.
“A situação é grave. É urgente o envio de mais brigadistas e veículos (tratores e aviões) capazes de conter o fogo. No último fim de semana, a situação gerou debates e manifestações acaloradas nas redes sociais em torno de um pedido: salvem o Pantanal. A campanha ganhou força e visibilidade, mas é necessária intervenção política governamental. Pedimos atenção ao nosso bem maior, à vida, à terra que nos alimenta”, informa o texto.
Pantanal devastado
De acordo com informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) o Pantanal já teve 12% de sua extensão territorial queimada em 2020. Além da vegetação devastada, diversas espécies de animais estão sendo atingidas pelo fogo e sofrendo com a destruição de seu habitat.
O fogo já chegou ao Parque Estadual Encontro das Águas, no Mato Grosso, conhecido por ter a maior concentração de onças-pintadas no mundo, de acordo com o governo do estado. Uma área de conservação localizada no Mato Grosso do Sul na divisa com o Mato Grosso, o Parque Estadual das Nascentes do Taquari, também foi atingida no último fim de semana.
Ações de combate ao fogo
De acordo com o governo de Mato Grosso, o Corpo de Bombeiros Militar reforçou o combate ao incêndio no Parque Estadual Encontro das Águas na manhã desta terça-feira (8), enviando mais duas equipes para atuar com os 46 homens que já estavam combatendo os focos de calor. A frente de trabalho faz parte da Operação Pantanal II, que teve início no dia 7 de agosto.
Segundo o governo do estado, hoje 122 homens trabalham diretamente no combate ao fogo no Pantanal mato-grossense. Entre eles, militares CBMMT, policiais militares da Sesp, servidores da Sema, Corpo de Bombeiros de MS, militares da Marinha do Brasil, do ICMBio e do Ibama. E estão sendo empregadas cinco aeronaves disponibilizadas pelo ICMBio, Sesc e Marinha.
“Também têm sido priorizada a proteção de regiões de pousadas, fazendas, a região Norte do Parque Encontro das Águas, e a proteção das mais de 140 pontes presentes na Transpantaneira”, explica o Tenente-Coronel Bombeiro Militar Dércio Santos da Silva, coordenador geral do Comitê Temporário Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman/MT), em nota do governo do MT.
No Mato Grosso do Sul, o fogo atinge apenas áreas no extremo norte. O desafio do estado no momento, portanto, é “manter as equipes no trabalho de controle dos focos que no momento atingem, principalmente, o Pantanal em Mato Grosso, para evitar que as chamas avancem para Mato Grosso do Sul”, informou o governo do MS na última sexta-feira (4).
A reportagem entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente, mas não teve retorno até o momento. (O Globo)