Não há nada pior para uma mãe do que ver um filho em sofrimento. Por isso, Elisa Lima, de 29 anos, vive um tormento. Há mais de um mês, ela tenta marcar uma cirurgia para o pequeno Lorenzo, de 3 anos. O menino está com a maior parte das narinas obstruídas e há indicação médica para a remoção das adenoides, procedimento que faz parte da cobertura da Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Estaduais (Planserv). Mesmo com todos os exames em mãos, Elisa enfrenta um obstáculo: a recusa de hospitais em realizar a cirurgia pelo convênio.
Para tentar agilizar o procedimento, Elisa deixou Riachão do Jacuípe, cidade onde mora, e trouxe o filho para Salvador há cerca de duas semanas. Na capital, peregrina em busca de uma unidade hospitalar que aceite realizar a cirurgia. “Liguei para o hospital Santa Izabel e eles informaram que não estão realizando o procedimento pelo Planserv. Tive uma consulta no Hospital Português e a médica disse que também não fazem, só se for no particular”, relata.
Enquanto isso, Elisa, que está desempregada, se preocupa com o estado de saúde do filho. “Ele só tem 3 anos, não consegue dormir direito, acorda sufocado durante a noite. Já gastei mais de R$1 mil em remédios e não teve melhora”, desabafa.
Segundo ela, médicos que atenderam o menino alegam que não realizam a cirurgia pelo convênio médico porque os valores não são devidamente repassados para os hospitais e profissionais. “Meu filho já fez todos os exames, mas não conseguimos fazer a cirurgia. Os médicos dizem que o Planserv não repassa os valores e que, por isso, só fazem a cirurgia se for particular, que custa mais de R$5 mil”, diz.
Para mapear as denúncias de profissionais da saúde sobre o Planserv, o sindicato da categoria, Sindsaúde, criou neste mês um canal virtual exclusivo para isso. Questionado, o sindicato não informou quantas queixas já foram computadas. O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) informou que não possui denúncias de médicos sobre o Planserv.
Em nota, o Hospital Santa Izabel informou que não suspendeu o atendimento e que não possui cota para o Planserv. A unidade reforçou que não há restrições em receber pacientes graves nem vítimas de traumas na emergência. “Fizemos sucessivas ampliações de leitos e atuamos com equipe multiprofissional completa, mesmo assim, em determinados momentos, estamos tendo que restringir o acolhimento no pronto atendimento, pois a alta demanda por nossos serviços tem ocupado toda a nossa capacidade instalada. Nesta situação preservamos o socorro à vida dos pacientes mais graves”, pontua.
O Hospital Português foi questionado, por e-mail enviado à assessoria de imprensa, sobre a suposta recusa em realizar procedimentos pelo Planserv, mas não respondeu aos questionamentos da reportagem. O Planserv foi procurado através durante quatro dias consecutivos, por e-mails e ligações, mas não se manifestou sobre a situação. A Saeb também foi questionada, mas não se manifestou sobre a denúncia.
(Correio)