O Ibovespa recua na manhã nesta quarta-feira, 1, com possibilidade de os impactos do coronavírus na maior economia do mundo serem maiores do que se imaginava. Nos Estados Unidos, onde a crise de saúde se intensifica a cada dia, já são quase 190 mil infectados e mais de 4 mil mortos pela doença. O pessimismo com o agravamento da situação tem tirado o sono dos investidores, que correm para ativos de segurança, provocando novas baixas nas bolsas de valores. Aqui, o principal índice da bolsa brasileira caía 3,48% às 12h45 e marcava 70.478 pontos.
Os investidores também estão atentos às falas do presidente Donald Trump, que vinha sendo mais brando nas abordagens sobre o vírus, mas mudou de tom. Segundo ele, as próximas duas semanas devem ser “muito duras” para os Estados Unidos. Na terça, a Casa Branca revisou a projeção do potencial número de mortos pelo covid-19 de 100 mil para 240 mil. No mercado americano, o índice S&P 500 recuava 3,47%.
As quedas das bolsas americanas e brasileira chegou a ser maior no início da manhã. Porém, dados positivos sobre desemprego (ADP) e produção manufatureira (ISM) dos Estados Unidos vieram acima das expectativas e ajudaram a atenuar o movimento de baixa. O mercado ainda aguarda a quantidade de pedidos de seguro desemprego registrados na última semana , que devem ser divulgados nesta quinta, 2.
Como reflexo do menor apetite a risco, os rendimentos dos títulos americanos de 10 anos despencavam 15,8%, com a maior procura pelo ativo, considerado o mais seguro do mundo.
Em diversos outros países, as quedas também eram acentuadas. O destaque negativo ficou com a bolsa de Tóquio, que fechou em baixa de 4,5%. Na Europa, o índice Stoxx 600 recuava 3,26%.
“Os mercados estão avaliando com cautela os novos desenvolvimentos em torno do surto de covid-19. Acreditamos que uma mudança de tendência só virá acompanhada de uma maior clareza em relação ao controle do vírus na Itália, Espanha e Estados Unidos”, afirmaram analistas da Guide Investimentos em relatório.
Na bolsa brasileira, as maiores quedas do Ibovespa eram representadas pelos setores de turismo e aviação, considerados os mais sensíveis aos impactos do coronavírus. Nesta manhã, as ações da Azul e Gol caíam 14% e 10,2%, respectivamente, enquanto os papéis da CVC recuavam 9,5%.
A Via Varejo também aparecia entre as maiores baixas do dia, recuando 11,3%. Desde do início da crise, aumentaram as desconfianças no mercado com relação à capacidade da empresa atravessar o momento, tendo em vista sua alta dívida de curto prazo. (Exame)