Igreja Universal de Angola rompe com Brasil e toma conta de templos

Igreja Universal iniciou suas operações em Angola em 1992 e tem mais de 230 templos no país (Foto: Divulgação)

Um grupo de bispos e pastores da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) em Angola informou ter assumido, nessa segunda-feira (22), o controle de 35 templos da instituição em Luanda e cerca de 50 em outras províncias do país, como Lunda-Norte, Huambo, Benguela, Malanje e Cafunfo. As informações são da BBC Brasil.

Os religiosos angolanos declararam ruptura com a gestão brasileira e a criação da Igreja Universal Reformada. É um movimento sem precedentes, que começou em novembro de 2019, com a divulgação de um manifesto com críticas à direção da igreja no Brasil.

Liderada pelo bispo brasileiro Edir Macedo, a ala da igreja protestante brasileira já construiu mais de dez mil templos em 95 outros países.

Em nota oficial, a Universal de Angola afirmou que alguns templos no país foram invadidos “por um grupo de ex-pastores desvinculados da Instituição por práticas e desvio de condutas morais e, em alguns casos, criminosas e contrárias aos princípios cristãos exigidos de um ministro de culto”. 

Eles alegaram que não foram atendidos desde a publicação. Entre esses desvios de condutas morais, estão ataques xenófobos, além de agressão a pastores, funcionários e esposas de outros pastores para “tomar de assalto a igreja, com propósitos escusos”, explica o manifesto.Agora, o controle da Universal será feito por um grupo comandado pelo bispo Valente Bezerra Luiz, então vice-presidente da igreja. E o nome da instituição passa a ser Igreja Universal de Angola.

Confira reportagem do canal TPA, que é financiado pelo governo de Angola.

As acusações contra os líderes brasileiros estão relacionadas a evasão de divisas, expatriação ilícita de capital, racismo, discriminação, abuso de autoridade, imposição da prática de vasectomia aos pastores e intromissão na vida conjugal dos religiosos.

Ainda há acusações de privilégios a bispos e pastores brasileiros, o que gerou revolta entre líderes religiosos locais. Eles pedem uma maior valorização do episcopado angolano. Segundo os revoltosos, as melhores igrejas sempre foram designadas aos brasileiros, que seriam beneficiados também com melhores salários e carros modernos.

O bispo Honorilton Gonçalves, segundo a nota, estaria perseguindo, punindo e intimidando bispos e pastores angolanos. Entre as acusações, está a de imposição da vasectomia a pastores e as mulheres dos religiosos estariam sendo obrigadas a abortar, conforme a nota do levante.

Resposta
Do outro lado, a Igreja Universal no Brasil afirma que os invasores espalharam “mentiras absurdas, como essa acusação de racismo”, para confundir a sociedade angolana.

“Basta frequentar qualquer culto da Universal, em qualquer país do mundo, para comprovar que bispos, pastores e fiéis são de todas as origens e tons de pele, de todas as classes sociais”, afirma a nota da entidade brasileira. 

A suposta obrigatoriedade de pastores serem submetidos a cirurgia de vasectomia, segundo a Universal, é um exemplo de fake news “facilmente desmentida pelo fato de que muitos bispos e pastores da Universal, em todos os níveis de hierarquia da Igreja, têm filhos”.

O que a Instituição estimula, conforme a nota, “é o planejamento familiar, debatido de forma responsável por cada casal”.

No fim, informa que a “Universal de cada nação dispõe de total autonomia administrativa para encaminhar e resolver suas questões locais, sempre observando as leis e as tradições”.

“O que se espera é que as autoridades restabeleçam, com urgência, a ordem legal e possam assegurar que a Universal continue salvando vidas e prestando ajuda humanitária em Angola, como faz há 28 anos”, conclui a resposta da Iurd no Brasil.

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