“Percebi que o Ferry Boat fazia o retorno e vi passageiros se aglomerando. Uma pessoa estava no mar levantando as mãos e lutando para permanecer com a cabeça fora d’água”. Esse e parte do relato de Leonardo Fiusa em uma rede social, onde conta como ocorreu o acidente em que um passageiro do Ferry-Boat Maria Bethânia, que não teve o nome divulgado, pulou no mar durante a travessia, em direção à Ilha de Itaparica. Ele foi socorrido com vida, mas não resistiu e morreu na última segunda-feira (23).
Na publicação ele relata um tripulante jogou uma boia salva vidas para salvá-lo, porém, o homem que estava no mar não conseguia segurar. “Sua cabeça já não levantava da água. Questionamos se ninguém da tribulação iria pular, um dos tripulantes disse que o regulamento não permitia, Eu e outro passageiro estávamos dispostos a pular. Novamente fomos informados que o regulamento não permitia. Nessa hora, dei a volta por trás e pulei”, explica Leonardo.
“Agarrei ele pelo pescoço e comecei a nadar e ser puxado pela corda da boia em direção à embarcação. Junto à embarcação colocaram uma escada, mas era impossível subir com ele desacordado. Comecei a gritar por ajuda e um dos tripulantes pulou na água. Nós dois não conseguimos subir com ele. Outro tripulante pulou e conseguimos levanta-lo. A embarcação retornou para São Joaquim e uma equipe do Samu tentou reanima-lo por ceca de 20 minutos, e então chegou a informação do óbito”, complementa Fiusa.
O relato é finalizado com questionamentos para a empresa que administra o Ferry Boat, a Internacional Travessias. “Por que a empresa não tinha um profissional capacitado para realizar o salvamento na água? Por que não tinham equipamentos adequados para o salvamento? Um bote ou algo para içar a vitima facilitariam o resgate.A empresa tinha profissionais habilitados e equipamentos para o salvamento dentro da embarcação? Que regulamento que desresponsabiliza a empresa sobre a vida dos passageiros? Que impede uma pessoa de tentar salvar a vida de outra?”
Questionada pelo Bahia Notícias, a Internacional Travessias disse que “opera o serviço seguindo rigorosamente todas as normas estabelecidas pelas autoridades marítimas, Marinha do Brasil e Capitania dos Portos, bem como, atende aos requisitos determinados pela RBNA (Registro Brasileiro de Navios e Aeronaves e Capitania dos Portos), empresa classificadora das embarcações”.
A operadora revelou que toda tripulação do sistema Ferry-Boat passa por treinamento regular, anual, de diversos aspectos inerentes ao serviço, incluindo primeiros-socorros e salvamento de homem ao mar; e todas as embarcações contam com os equipamentos obrigatórios aos procedimentos de atendimento aos passageiros.
“É de extrema importância que em situações de qualquer natureza dentro da embarcação, todos sigam as orientações do Comandante, profissional habilitado e experiente, responsável por coordenar as ações dos tripulantes para que todos tenham uma viagem tranquila e segura”, finaliza a nota da empresa.
(Bahia Noticias)