Sabe aquela sensação de que a internet é movida a manivela? Se você vive na Bahia com certeza sabe. É porque o estado tem o segundo pior desempenho de banda larga do país, com uma velocidade média de download de 98 Mbps. Pior que a banda larga baiana, somente a alagoana, que tem uma velocidade média de 95 Mbps.
O ranking integra o levantamento feito pela parceria entre os sites Melhor Plano e Minha Conexão, que avalia o desempenho de banda larga segundo índices de velocidade de download, upload e latência, de 2023. O Acre é o estado com melhor desempenho de velocidade de internet do Brasil, com média de 280 Mbps – 182 a mais que a Bahia.
Dois fatores relevantes são responsáveis pelo índice negativo: infraestrutura e condições climáticas da região, segundo Alexandre Martins, gerente de produto dos dois sites. “Quando a gente fala de estados que a população está mais concentrada no litoral, a gente tem esse comportamento. Existe uma dificuldade de entregar uma boa conexão nessas regiões pela infraestrutura de passagem de fio, que acaba ficando mais caro”, explica.
Juliana Pereira, 29 anos, trabalha como atendente da área de suporte da Scooto, central de relacionamento entre cliente e empresa. A qualidade da internet é essencial para realizar um bom trabalho, uma vez que todas as atividades são feitas remotamente. “Sem internet, eu não consigo trabalhar. Trabalho de 14h às 20h, de segunda a sexta”, afirma.
Por dois anos, Juliana utilizou um plano de uma operadora de grande porte nacional. Nesse período, inúmeros foram os perrengues, incluindo atraso para o trabalho. “Já teve situações de ficar sem internet e ter que avisar as coordenadoras que eu ia ter que me atrasar. Às vezes, a internet ficava instável ou fico sem internet durante minutos ou horas”, relata. Esse problema é prejudicial à operação do serviço, uma vez que as demandas de Juliana vão para outra pessoa. Já a jornalista Marina Fernandes, 26, ainda utiliza um provedor de internet de grande porte. Estudando para concurso público, a comunicadora chegou a ficar 48 horas sem internet. “Eu preciso de internet porque estudo basicamente online. Se não me engano, isso aconteceu duas vezes. Acabei usando a internet do celular, que é mais lenta também, então, nem sempre dá para carregar direito as aulas”, relata.
Outro ponto importante é a questão socioeconômica de cidades do interior baiano, que acabam afetando o resultado geral do estado. Isso envolve desde pessoas que não possuem acesso à internet ou a aparelhos eletrônicos com capacidade de extrair grandes velocidades de conexão. “Do ponto de vista do provedor, há a dificuldade do investir na qualidade da sua infraestrutura. Eu estou falando de provedores regionais, que atuam especificamente nessas cidades do interior”, continua.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 2 milhões de pessoas não utilizaram internet na Bahia em 2022, ano do último levantamento. Esse número representar 15,5% da população de todo o estado. Destes, 48,1% não sabiam utilizar o serviço e 19,9% alegaram serviço à internet ou equipamento necessário caro.
O Acre é o estado com melhor desempenho de velocidade de internet do Brasil, com média de 280 Mbps – 182 a mais que a Bahia. Essa discrepância é explicada por questões de relevo e condições climáticas. “Há uma dificuldade de passar fio e tem a questão de investimento em infraestrutura”, explica Martins. No Nordeste, o Piauí possui o melhor desempenho, com 190 Mbps.
Os testes de velocidade foram feitos pelos sites de janeiro a dezembro de 2023. No site Minha Conexão, o usuário consegue fornecer a latitude e longitude dele. Com isso, a equipe mede qualidade de download, upload e ping de conexão do provedor. Além disso, o usuário consegue dar uma nota e avaliar o provedor dele em estrelas, de 1 a 5 estrelas.
Fonte: Correio