A Associação Americana de Pediatria (AAP) lançou um novo relatório sobrealergias alimentares em crianças, com orientações para pais e profissionais. Entre os destaques do documento, a recomendação de introduzir amendoim na dieta do pequenos nos primeiros meses de vida para reduzir o risco de alergia a esse alimento, que está entre os que mais causam reações do sistema imune. A exposição ao ovo também pode ter efeito semelhante, mas nesse caso ainda são necessários mais estudos que comprovem o benefício. Por outro lado, atrasar a introdução de alérgenos como esses dois, além de leite, frutos do mar e castanhas não traz nenhum benefício para a prevenção de alergias alimentares — que atingem cerca de 5% das crianças brasileiras. O mesmo vale para tirar esses itens da dieta da mãe durante gravidez ou amamentação. Em 2018, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia publicaram consenso sobre o assunto. As entidades nacionais concordam com a AAP, e orientam gestantes e lactentes a não fazer nenhuma restrição alimentar por conta própria. Sobre a introdução alimentar, o documento alerta que a exclusão de alimentos por tempo prolongado pode na verdade aumentar o risco de alergia. Já a diversidade alimentar tem efeito protetor sobre a sensibilidade à substâncias, mas nem sempre é capaz de impedir o aparecimento das alergias alimentares, que dependem de outros fatores para acontecer. “Amendoim, ovo, leite de vaca, castanhas e frutos do mar podem ser apresentados à criança junto com os outros alimentos como arroz, frutas e vegetais”, declarou o pediatra Scott Sicherer, co-autor da diretriz da AAP, em comunicado à imprensa. A expansão do cardápio deve preferencialmente começar aos seis meses de vida, com o fim da fase de aleitamento materno exclusivo.
O papel da amamentação
O leite da mãe fornece anticorpos necessários ao sistema imune do bebê, por isso pode prevenir o aparecimento de sintomas de alergia. Ainda não há consenso se ele por si só é capaz de evitar alergias específicas, como a do leite de vaca, mas alguns estudos também indicam uma proteção neste sentido. Já as fórmulas lácteas de soja ou hidrolisadas, embora sejam úteis a bebês já diagnosticados com alergia à proteína do leite, não têm papel preventivo e não devem ser dadas com esse fim mesmo a crianças de alto risco. O ideal é conversar com o médico sobre o assunto. (Abril Bebe)