Investigados por suspeita de furar fila na vacinação contra a Covid-19 são exonerados em Manaus

Foto: Reprodução/ Fantástico | G1

Sete dos dez médicos citados em investigação do Ministério Público do Amazonas sobre “fura-filas” na vacinação contra a Covid-19 em Manaus foram exonerados pela Prefeitura da capital nessa sexta-feira (12). Entre os nomes, estão das gêmeas Isabelle e Gabrielle Kirk Maddy Lins. As duas receberam a primeira dose da vacina no dia 19 de janeiro – mesmo dia em que uma delas foi contratada. A outra foi efetivada no cargo dia 18, um dia antes.

O G1 questionou a Prefeitura para saber se a exoneração aconteceu por causa do pedido do Ministério Público ou a pedido dos próprios investigados, e aguada retorno.

O caso ganhou repercussão após as médicas postarem a imunização nas redes sociais. A família das médicas é dona de hospitais e universidades particulares em Manaus, entre outros negócios. Além das duas, a lista de investigados traz, ainda, os nomes de outros oito médicos, dentre eles, o filho do suplente de deputado estadual Wanderley Dallas, David Louis Dallas.

Na época, em meio às polêmicas sobre a vacinação do grupo, o prefeito de Manaus, David Almeida, negou as irregularidades, disse que se tratava de fake news e chamou os médicos investigados de heróis. A secretária de saúde de Manaus, Shádia Fraxe, justificou a contratação do grupo, alegando a falta de recursos humanos.

Todos os médicos se tornaram alvo de investigação porque estavam entre os primeiros vacinados contra a Covid-19 e tinham sido contratados havia poucos dias pelo gabinete da Prefeitura. Na época, o Ministério Público citou que a contratação deles foi “falsamente” para o cargo de gerente de projetos, o que levantou suspeita de falsidade ideológica.

Os promotores chegaram a pedir a prisão do prefeito e da secretaria de saúde, por conta das irregularidades, além da exoneração dos citados. O pedido está sob análise da Justiça.

Em relação a esses dez médicos, o MPE apontou que:

  • foram contratados “falsamente como gerente de projetos” mas trabalhavam em unidades de saúde – a nomeação foi intermediada pela médica Ilcilene de Paula da Silva, com a participação da secretária municipal de Saúde, Shadia Fraxe, e do assessor Djalma Pinheiro Pessoa Coelho;
  • a nomeação para o cargo de gerente de projetos partiu do prefeito David Almeida;
  • o grupo era formado por pessoas com “ligações políticas e econômico-financeiras de apoio político e eleitoral ao atual prefeito”;
  • as suas nomeações ocorreram em 18 e 19 de janeiro, quando as primeiras doses de vacina foram aplicadas em Manaus e no no interior do Amazonas;
  • alguns dos médicos tinham feito o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) em período de 10 a 35 dias antes da contratação;
  • o cargo de gerente de projetos prevê o salário de R$ 9 mil – já a remuneração de médicos temporários da prefeitura é de R$ 6,9 mil.

Na quarta-feira (10), as gêmeas Lins e David Dallas receberam a segunda dose do imunizante. O Ministério Público Federal (MPF) informou que, a princípio, não há ilegalidade dos profissionais terem recebido a segunda dose, já que eles atuam no atendimento a pacientes com Covid-19.

Por meio de nota, as médicas afirmam que elas optaram pelo pedido de exoneração do cargo.

“A situação infelizmente ficou insustentável a partir do momento em que se passou a questionar a forma escolhida pela Prefeitura para a contratação dos mesmos, gerando um enorme mal-estar e comprometendo o ambiente de trabalho”, diz um trecho da nota.

Sobre a segunda dose da vacina, Gabrielle e Isabelle afirmam que são médicas atuantes na linha de frente do combate ao coronavírus e que foram notificadas através do Portal da Prefeitura para receber a segunda dose, tendo comparecido no local e horário pré determinados pelo governo. (G1)

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