Israel apoia o presidente judeu da Ucrânia, mas cria situação delicada com a Rússia

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Após o início da guerra na Ucrânia, provocada pela invasão da Rússia na madrugada da quinta-feira (24), vários países se manifestaram condenando a iniciativa do presidente russo Vladimir Putin, entre eles Israel, que classificou o episódio como “uma grave violação da ordem internacional”.

“O ataque russo à Ucrânia é uma grave violação da ordem internacional. Israel condena o ataque, está pronto e preparado para fornecer ajuda humanitária aos cidadãos da Ucrânia. Israel é um país que passou por guerras, e a guerra não é o caminho para resolver conflitos”, declarou o ministro das Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid.

A reprovação de Israel aos ataques russos contra a Ucrânia, no entanto, é vista por alguns analistas como uma questão delicada para o país judaico. O especialista em Oriente Médio Jonathan Spyer, por exemplo, lembrou que os russos possuem forte presença militar na Síria, um país estratégico para a segurança do Oriente Médio.

“A Rússia está na Síria desde setembro de 2015, quando a força aérea russa foi enviada para lá e os russos basicamente salvaram o regime de Bashar Assad e, portanto, são, em essência, a autoridade de fato”, disse ele à CBN News.

“Israel está engajado em uma campanha aérea contínua para tentar reverter os esforços iranianos de consolidação e entrincheiramento na Síria, nada pode acontecer nos céus da Síria sem a permissão tácita russa, o que significa que o relacionamento israelense-russo é de suma importância diplomática para Israel agora”, explica Spyer.

Por outro lado, Israel também possui boas relações com a Ucrânia, agora ainda mais pelo fato do atual presidente ser um judeu, de modo que seria diplomaticamente vexatório não se posicionar em defesa do seu próprio povo. Não por acaso, Yair Lapid também declarou:

“Israel tem relações profundas, duradouras e boas com a Rússia e com a Ucrânia. Existem dezenas de milhares de israelenses em ambos os países e centenas de milhares de judeus em ambos os países. Manter sua segurança e proteção está no topo de nossas considerações”, disse o ministro.

Por fim, Spyer também lembrou que Israel é uma nação cujos valores são levados a sério, o que inclui a proteção do seu povo e descendentes dentro e fora do seu território, motivo pelo qual o país condenou os ataques russos, mesmo estando ciente do quanto a situação é delicada devido à influência militar da Rússia na Síria.

“E Israel também tem seus próprios valores. E absolutamente está perto da Ucrânia também, que tem, é claro, um presidente judeu. Então isso significa que Israel está meio que dividido entre dois imperativos agora”, conclui o analista.

Will R. Filho / Gospel +

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