O governo da Bahia tem estudado alternativas para não precisar comprar ferry boats na Grécia para o sistema que permite a travessia entre Salvador e a Ilha de Itaparica. E, segundo o empresário líder do setor náutico, Hugo Leonardo, a solução pode estar dentro do Brasil.
CEO da Barco Show Eventos e sócio-conselheiro da Luzom Eventos, Hugo foi o convidado desta quarta-feira (18) do podcast Eleve o Level, apresentado por Leonardo Leão com apoio do Bahia Notícias. Durante o bate-papo, o empresário explicou que gosta de diferenciar sempre transporte de necessidade, para lazer e turismo náutico. E, para ele, o Amazonas pode ensinar muito à Bahia.
Ele citou que o trecho atravessado por milhares de baianos e turistas é relativamente longo, com cerca de 1h, mas no Norte as pessoas enfrentam travessias de até 6 horas, por não haver estradas. Por isso, o especialista do setor náutico acredita que a melhoria do sistema atual pode trazer muitos benefícios.
“O Amazonas certamente tem potencial. Inclusive eu fui questionado pelo governador [Jerônimo], em uma oportunidade em que estivemos juntos, e ele me perguntou: ‘Hugo, a gente precisa de mais ferry boat. Tem que ir na Grécia comprar?’. E eu falei: ‘Não, Amazonas. Se você quiser, eu olho tudo pra você'”.
Para o CEO da Barco Show Eventos, o Brasil “não tem noção” da capacidade do estado do Norte do país para construir embarcações com toda tecnologia necessária.
As duas últimas embarcações adquiridas pelo governo da Bahia, rebatizadas aqui de Zumbi dos Palmares e Dorival Caymmi, vieram da Grécia em 2014, com valor de R$ 54,9 milhões. Os dois ferries faziam travessias no país europeu e passaram por reforma antes de iniciar a operação na Baía de Todos-os-Santos. O sistema entre a capital baiana e o terminal de Bom Despacho, na ilha de Itaparica, é operado pela Internacional Travessias, que sucedeu a própria Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) na função.
Em 2023, a Agerba sinalizou a possibilidade de lançar uma nova licitação para adquirir novas embarcações. Havia a expectativa, inclusive, que no verão do próximo ano elas já estariam disponíveis público.
Questionado sobre a Ponte Salvador-Itaparica, projeto do governo do estado para substituir os ferries, Hugo avaliou que é a alternativa mais rápida de travessia, mas investir nesse momento em melhores embarcações ainda vale a pena.
“Eu acho que a solução para a conexão da ilha com Salvador pode ser feita também de outras formas. A ponte logicamente é a forma mais rápida de se locomover, mas também é a mais cara, tanto no impacto ambiental quanto no valor econômico”, avaliou.