A foto de uma menina trocando máscara por alimento em uma sinaleira do Rio de Janeiro viralizou. Não demorou até a imagem chegar até famosos, como o apresentador Luciano Huck, que se sensibilizou e resolveu ajudar a pequena Ana Júlia Sabino, de 9 anos.
“Fiquei imaginando meus filhos, que têm a mesma idade (de Ana Júlia), naquela situação. É como eu tenho dito com bastante frequência: a solidariedade tem que ser mais contagiosa que o vírus”, defendeu o apresentador em entrevista ao jornal Extra.
“Ana Júlia e sua família são a materialização das consequências dessa pandemia nas famílias (brasileiras). A mãe trabalhava vendendo picolés na praia. Hoje, não tem ninguém na praia. A mãe trabalhava como diarista, acabou o trabalho também. Ela cuida dos filhos sozinha e pela primeira vez na vida abriu a geladeira e o armário e não tinha comida para as crianças nem para ela. E por isso foi para a rua tentar ajuda. Graças a Deus, hoje em dia, as pessoas estão olhando a sua volta e percebendo que estamos mais interconectados como nunca e que um problema na favela é o mesmo problema do asfalto. Eu fiquei muito tocado. Falei com a mãe (da Ana Júlia) e espero que eu tenha conseguido ajudar e fazer com que a família volte a ter um pouco de paz pelo menos por algum tempo”, completou o apresentador.
Ana Júlia, a mãe e os três irmãos já haviam ido ao local outras duas vezes. É que, por conta da pandemia do novo coronavírus, a mãe dos garotos, a empregada doméstica Silvana Cristina Costa, de 30 anos, perdeu o emprego e não sabia mais o que fazer para conseguir sustentar os quatro filhos.
“Como eu tinha alguns doces que vendia na praia, decidi vir para cá (para o sinal). Também pedi a uma vizinha que fizesse umas máscaras para eu vender. Era o que me restava. Recebi os R$ 600 de ajuda do governo, mas não foi suficiente”, afirma Silvana.
A pequena Ana Júlia, é estudante do quarto ano e seu colégio atualmente está sem aulas. Vez ou outra recebe lições para fazer em casa. Sem ter o que fazer e vendo a situação da mãe, pediu para ajudar na venda dos produtos:
“Minha mãe é muito trabalhadora. Ela faz faxina, trabalha na praia, e eu, vendo essa situação, pedi para vir ajudá-la”, disse a garota.
Silvana conta que levar os filhos, que têm entre 9 e 14 anos, para o sinal não era seu desejo. Só que ela não tinha com quem deixar as crianças. “Viemos porque estava faltando alimentos para eles. Eu fiquei com receio, não queria que eles estivessem comigo”, revelou a mãe ao Extra. (Correios)