O presidente Lula (PT) convocou ministros da articulação política para uma reunião de urgência na manhã desta quarta-feira, 31, no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência, para evitar que a estrutura dos ministérios que montou seja desfeita no Congresso. O encontro foi encaixado na agenda que já conta com compromissos importantes, como uma reunião com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, às 9h, e um telefonema com o papa Francisco, às 10h.
O governo tem até o final da noite desta quinta-feira, 1, para que a MP (medida provisória) que reformulou a estrutura da Esplanada seja aprovada na Câmara e no Senado. O texto original sofreu alterações pelo relator Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que apesar de ser aliado do governo, enfraqueceu os ministérios considerados vitrine para gestão: Meio Ambiente e Povos Indígenas.
Por volta das 8h30, os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da SRI (Secretaria de Relações Institucionais), Alexandre Padilha, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) se reuniram com Lula para tentar organizar a votação da MP. A tentativa do governo é tirar a corda do pescoço e votar o texto nesta quarta, sob pena de 17 ministérios serem extintos. A situação é crítica a ponto de governistas considerarem uma vitória a aprovação apesar das alterações que foram feitas.
Na segunda-feira, 29, Padilha almoçou com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tentar viabilizar a aprovação da MP, mas ainda não há garantias.
Os deputados esperavam a votação da MP na noite desta terça-feira, mas ela não aconteceu pois havia risco de que o governo não tivesse votos suficientes para aprovação. No plenário, a Câmara aprovou outra MP, com as novas regras e valores do Bolsa Família, e impôs uma derrota ao governo com a aprovação do marco temporal para demarcação de terras indígenas, pauta patrocianada pela bancada ruralista. Parlamentares de diferentes bancadas reclamam da articulação do governo e da demora para liberação de emendas e cargos. Uma das críticas é sobre a estratégia de dar o dobro de recursos do SUS a parlamentares novatos do que aos reeleitos.
Sem base
Lula já identificou que não tem uma base fortalecida na Câmara e também no Senado, onde se imaginava que a situação estava mais controlada. O presidente decidiu participar diretamente da articulação e se reuniu na semana passada com lideranças do MDB, os senadores Renan Calheiros (AL) e Eduardo Braga (AM), este, líder da sigla.
O objetivo é aproximar Lula das bancadas, ouvir demandas, fazer análises de conjuntura política e discussões “macro”, conforme relatou uma fonte do Palácio do Planalto. Na prática, o objetivo é melhorar o ambiente político.(Terra)