Durante visita ao Mato Grosso neste sábado (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a levantar um tema que tem pesado no bolso do brasileiro: o preço do botijão de gás de cozinha. Segundo ele, alguém está “ganhando muito dinheiro” com a revenda do produto, cujo valor nas distribuidoras ultrapassa os R$ 100, mesmo sendo vendido pela Petrobras a menos de R$ 40.
“O botijão de gás é vendido pela Petrobras para as empresas a R$ 37. Não tem explicação ele chegar para o povo a R$ 120, a R$ 130, a R$ 140. Alguém tá ganhando muito dinheiro”, afirmou o presidente durante o lançamento do programa Solo Vivo, no assentamento Santo Antônio da Fartura, no município de Campo Verde, a cerca de 130 km de Cuiabá.
Além da crítica, Lula também reforçou a promessa de lançar ainda este mês um programa de gás gratuito para as famílias cadastradas no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais). Segundo ele, cerca de 22 milhões de famílias devem ser contempladas.
“As pessoas que vão estar no CadÚnico não vão precisar nem pagar. Vamos fazer com que o gás chegue barato, porque as pessoas precisam. Tudo isso vai ser anunciado esse mês”, garantiu o petista.
Gás como item essencial
Essa não é a primeira vez que Lula aponta o botijão como um item que deveria ser mais acessível à população. Em fevereiro, ele já havia adiantado que o governo preparava um projeto para oferecer gás gratuito, classificando o item como parte da cesta básica.
Atualmente, de acordo com dados divulgados no site da Petrobras, o preço médio do botijão no Brasil é de R$ 108,81 (dados entre 11 e 17 de maio). Deste valor, R$ 34,74 (31,9%) ficam com a estatal, enquanto o restante vai para distribuidores e revendedores, que detêm a maior parte da fatia — cerca de R$ 56.
Alta de preços preocupa Planalto
A preocupação com o aumento de preços nos itens de consumo básico vem se tornando constante no governo. Em março, Lula já havia questionado o aumento do ovo no mercado e disse estar tentando identificar o “pilantra” por trás da alta injustificada. Na época, especialistas apontaram fatores como calor excessivo, demanda escolar e exportações como motivos para a elevação.
A inflação dos alimentos e insumos domésticos tem sido apontada como um dos fatores que afetam a popularidade do governo, especialmente entre as camadas mais pobres da população. A pressão sobre o custo de vida pode ter contribuído para a queda na aprovação do presidente no início de 2025, segundo analistas.
Com a promessa do gás gratuito, Lula aposta em aliviar a carestia e reconquistar apoio popular — especialmente entre os que mais sentem o impacto da inflação na rotina.
Leonardo Vieceli e Pablo Rodrigo / Folhapress