Lula deve retomar agenda partidária e pode visitar Salvador até o final de ano

Foto: Ricardo Stuckert

Após sair da prisão na noite de ontem (8), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve retomar a agenda partidária e encorajar a possibilidade de se candidatar novamente ao Planalto em 2022.

De acordo com reportagem da Folha, publicada hoje (9), a realização de caravana pelo Nordeste, onde o PT tem mais força, deve ficar para o próximo ano, por questões logísticas. Até o fim do ano, no entanto, o ex-presidente pretende fazer no mínimo uma visita pontual por uma capital nordestina, provavelmente Salvador.

Depois de solto, Lula ainda deverá ter um intenso cronograma no partido e comparecer a eventos da legenda, como reuniões do diretório e da executiva nacional marcadas para novembro.

Uma presença confirmada é o congresso do partido marcado para 22 a 24 de novembro em São Paulo. A pauta prevista para o evento, incluindo a estratégia para a eleição municipal, deve ficar em segundo plano. O foco agora é aproveitar a liberdade do ex-presidente, que pode ser revertida, na estratégia de oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro.

“Ele tem dito que quer se apresentar como alguém mais à esquerda, mas não é no sentido de ser leninista, ou trotskista. É na linha de defender a inclusão dos mais pobres no Orçamento federal, e de denunciar que querem vender o patrimônio do país. São essas duas bandeiras que ele vai abraçar mais”, declarou Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete de Lula na Presidência e um dos seus aliados de maior confiança.

A linha de investir na crítica à situação econômica ficou clara no primeiro discurso de Lula ao deixar a cadeia, ainda em Curitiba. 

“Tem que associar as duas coisas: a liberdade de Lula e a agenda econômica. As pessoas só vão se mobilizar se assuntos que falem de suas dificuldades diárias estiverem presentes”, avaliou o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), ex-presidente nacional do partido.

O PT ainda pretende reforçar a proteção a Lula, em preocupação com a sua segurança, mesmo com o reforço a que tem direito pelo fato de ser ex-presidente.

“É evidente que vamos tomar muito cuidado. Há muita conversa entre nós sobre a necessidade de reforço da segurança pessoal dele [Lula], sobretudo nesse momento que algumas reações são muito doidas. Temos uma preocupação com essa questão”, disse Carvalho.

De acordo com ele, Lula também vai evitar responder a provocações de Bolsonaro e de seus aliados. “Nesse jogo ele não vai cair. Não vai facilitar a vida do Bolsonaro e fornecer elementos para o presidente fortalecer a sua base”, disse o ex-chefe de gabinete da Presidência. O tom de suas falas, conforme o dirigente petista, será sobre a necessidade de unir o país.

O ex-presidente também promete um discurso de mais impacto hoje (9) em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP).

Eleições

Pessoas do entorno de Lula contam que ele é o primeiro a “dar corda” em relação a uma evental candidatura para retornar à presidência. 

No entanto, a saída da cadeia não absolve nem devolve direitos políticos ao ex-presidente. Ele ainda tem duas condenações e é réu em mais sete ações criminais.

Para que o petista seja candidato, seria necessário uma sequência de eventos, a exemplo de absolvições, anulação de sentenças e a suspeição do ex-juiz Sergio Moro. (Metro1)

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