O empresário Marcelo Odebrecht afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu para que a Odebrecht fizesse um projeto em Cuba por motivação ideológica e geopolítica.
Em entrevista à Folha, publicada hoje (9), o ex-presidente da empreiteira afirmou que o governo demonstrou um esforço maior para viabilizar o financiamento das obras de ampliação do Porto de Mariel, em comparação com projetos executados em outros países.
“Isso começou porque Lula estava visitando o país, passou por uma estrada deteriorada e disse que tinha condições de ajudar. Era para fazer a estrada exportando serviços do Brasil, para gerar emprego, renda e arrecadação, e ajudar Cuba a desenvolver o projeto. Fomos lá ver a estrada, mas um tufão havia passado e destruído Cuba. O governo cubano desprezou a estrada, queria casas. Mas a gente avaliou as oportunidades e identificou que o melhor para o Brasil, economicamente e do ponto de vista de exportação de bens e serviços, era fazer um porto em Cuba”, disse.
Segundo Marcelo, Cuba foi o único país com o qual houve “uma boa vontade maior, uma atuação, um esforço maior do governo para ajudar a aprovar o crédito [do BNDES]”. O ex-presidente da empreiteira ainda disse que tinha receio de se envolver no projeto por causa da forte reação dos clientes da Odebrecht nos Estados Unidos, mas avaliou que a ideia “não foi uma aposta errada”.
“No início, eu pessoalmente tinha um receio desse financiamento. Achava complicado. Existiu uma reação muito grande dos nossos clientes na Flórida, que era a nossa maior operação americana, tinha mais de 20 anos. A gente tentou, inclusive, sair fora no início, mas era complicado. Como a gente ia usar o argumento de que uma empresa brasileira não pode atender a geopolítica brasileira porque atua nos Estados Unidos? De fato Cuba não foi uma opção fácil para a gente, mas acabamos indo”, declarou.
(Metro1)