Com o aumento desenfreado de casos confirmados de coronavírus (Covid-19) em território brasileiro, as dúvidas sobre a doença não param de surgir. Junto com as inseguranças das grávidas e de pais com filhos pequenos em casa sobre quais cuidados ter com a pandemia, há também as incertezas que assolam as lactantes. E com as diferentes restrições indicadas para a prevenção contra o vírus, surge a pergunta: a amamentação deve ser mantida?
Até o momento, a Sociedade Brasileira de Pediatra (SBP), em consenso com o seu Departamento Científico de Aleitamento Materno e a FEBRASGO, afirma que a amamentação pode ser realizada normalmente, mesmo em mulheres diagnosticadas com o coronavírus, desde que elas se sintam bem para isso e sigam os cuidados necessários.
Para explicar o posicionamento da instituição, a SBP informou que ainda não há nenhum estudo capaz de comprovar a transmissão vertical do vírus, isto é, que a mãe contaminada é capaz de repassar a doença para o filho por meio do leite materno.
Para explicar melhor o assunto, as notas oficias das duas instâncias da saúde trouxeram a pesquisa publicada na revista científica “The Lancet”, no dia 13 de março. O estudo clínico teve como objetivo colher dados sobre a nova doença a partir da análise de nove mulheres diagnosticadas com pneumonia causada pelo Covid-19.
“Em seis delas, foi pesquisada a presença do vírus no líquido amniótico, sangue do cordão umbilical, leite materno e swab da orofaringe (teste com cotonete estéril) do recém-nascido. Todas as amostras se mostraram negativas”, detalha a FEBRASGO. Eles ainda citam duas revisões feitas do estudo, uma pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), nos Estados Unidos, e outra pela Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG), em Londres.
A conclusão da SBP e da FEBRASGO com as pesquisas é de que, por enquanto, os benefícios da amamentação superam os riscos de transmissão do coronavírus. Entretanto, isso não anula a importância de seguir regradamente as instruções de higiene necessárias para que tanto as mães quanto os bebês fiquem em segurança.
Como proteger os bebês durante o aleitamento materno?
Para as mães que não estão com suspeita ou não foram diagnosticadas com coronavírus, a pediatra Thais Bustamante, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que os cuidados principais são: higienização correta e frequente das mãos, e evitar locais aglomerados.
Já para as mulheres com suspeita ou diagnosticadas com a doença, é essencial o uso de máscaras em todas as mamadas. Além da higiene rigorosa das mãos antes de tocar o bebê na hora de posicioná-lo para mamar.
A FEBRASGO ainda ressalta que as mãos também devem ser limpas antes de fazer o manuseio de bomba extratora de leite e, até mesmo, de mamadeiras. E, caso haja a necessidade, que as mães considerem pedir ajuda para alguém saudável para ajudá-las a oferecer o leite ordenhado para o bebê.
Para Thais, um dos motivos que pode levar à pausa da amamentação nesse cenário é a piora do quadro respiratório da mãe diagnosticada com coronavírus ao ponto dela precisar ser internada. “Devido à gravidade da lactante, não se justifica a internação do bebê junto”, complementa a médica.
Além disso, há também a possibilidade da mulher não se sentir confortável em prosseguir com a amamentação e preferir ordenhar o leite, sentindo que ela e o bebê estão mais seguros dessa forma. (Bebe Abril)