Médicos alertam para aumento de casos de hepatite na Bahia

Estado registrou 1.163 notificações em 2022

Crédito: Marina Silva/CORREIO

A hepatite é uma doença silenciosa, mas pode ser evitada e tem cura para alguns dos tipos de vírus. Sem o tratamento adequado, no entanto, pode matar. Este mês acontece o Julho Amarelo, período em que especialistas do Brasil inteiro reforçam a campanha de conscientização do Ministério da Saúde sobre as hepatites virais. Na Bahia, no ano passado foram 1.163 notificações. No ano anterior, 1.055; e, em 2020, 866. Entre 2020 e 2022, os registros da doença cresceram 34,2%, mas há muita subnotificação.

Maria*, 62 anos, está fazendo tratamento para hepatite B no Hospital Geral Roberto Santos. Ela estava em Portugal quando começou a sentir fraqueza, falta de apetite e percebeu que a urina estava ficando escura. Um amigo médico, no Brasil, perguntou se os olhos dela estavam amarelados.

“Eu respondi que não, mas depois percebi que estavam de fato ficando amarelados. Ele disse que poderia ser hepatite, meu filho conseguiu a passagem de volta às pressas e quando fiz os exames confirmou. Todas as minhas taxas estavam muito elevadas. Estou internada há oito dias e fazendo o tratamento com medicação”, contou.

Na Bahia a maior concentração de casos de hepatite B foi no sexo feminino (52,6%) e a faixa etária mais acometida foi a população adulta de 30 a 39 anos (28,5%). Em relação ao vírus C a maior ocorrência foi no sexo masculino (57,5%) e a faixa etária de 50 a 59 anos (33,1%). Em Salvador, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) registrou 331 casos este ano, com 13 mortes. No ano passado inteiro foram 636 ocorrências, com 30 óbitos.

Neste ano, a campanha da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) usa o slogan ‘De Julho a Julho Amarelo. A cura começa com o teste!’. A cor é uma referência aos olhos e a pele dos pacientes, e o objetivo é conscientizar e incentivar o teste e a busca pela vacina e pelo tratamento.

O presidente da Associação Baiana de Epidemiologia e Controle de Infecções (Abeci) e professor de infectologia na Faculdade Unex Itabuna, Fernando Romero, explica que as hepatites são um quadro inflamatório no fígado, podendo provocar alterações leves, moderadas ou graves, e que o mais comum no Brasil são os tipos A, B e C.

“As hepatites podem ser silenciosas, ou seja, ter a infecção sem manifestar sintomas. Uma parcela menor de pessoas pode ter cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Os tipos B e C, podem evoluir para hepatite crônica, o diagnóstico e o tratamento tardio podem levar a cirrose e inclusive hepatocarcinoma [câncer]”, afirma.

(Correio)

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