Médium presidente de sociedade espírita vira réu por estelionato e violação sexual

Médium Maury Rodrigues da Cruz se tornou réu

A Justiça do Paraná aceitou denúncia, nesta terça-feira (14), contra o médium Maury Rodrigues da Cruz, diretor presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas (SBEE), localizado no bairro Tingui, em Curitiba, pelos crimes de violação sexual mediante fraude e estelionato. O G1 Paraná e a RPC tiveram acesso à denúncia oferecida pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR). Com a decisão, o médium, que também foi diretor do Museu Paranaense e professor universitário, passa a responder como réu no processo. O caso corre em segredo de Justiça. “Aproveitando-se da fé espírita de que a vítima é portadora e plenamente ciente de que ela o considerava um líder religioso, o denunciado logrou êxito, obtendo a supracitada vantagem patrimonial indevida”, diz trecho da denúncia. A defesa de Maury Rodrigues informou que não pode comentar o caso por conta do segredo de Justiça. A denúncia cita três vítimas do médium. Uma delas é o engenheiro eletrônico Fernando da Costa Frazão, que frequentou o local por cerca de dois anos. Segundo ele, o médium Maury se aproveitava da fé das pessoas que procuravam a SBEE para tentar se aproximar e cometer a violação sexual.

Os casos aconteciam, segundo ele, durante as sessões de ectoplasmia, que é quando os espíritos se manifestam em uma pessoa viva. Ainda de acordo com Fernando, o médium age sempre da mesma forma: simula ter “incorporado” um espírito e diz que esse espírito teve uma relação íntima passada com a pessoa que está participando da sessão espírita. “As sessões acontecem na madrugada e, algumas vezes, a gente se vê sozinho com o professor Maury. Nessas conversas, ele acaba te envolvendo, dizendo que você é especial (…), e com o passar do tempo essa intimidade começa a ser maior e ele vai querendo beijar, forçar um beijo, e isso acaba sendo um pouco estranho”, contou o engenheiro. 

Pelo menos 20 pessoas relataram o caso: Além das três pessoas citadas na denúncia, os promotores do MP-PR ouviram pelo menos vinte 20 pessoas que também relataram o caso. Entretanto, na maioria dos casos, os crimes prescreveram. Na denúncia, estão casos que ocorreram há menos de seis meses, desde o início das investigações em fevereiro. No caso de um empresário, que preferiu não se identificar, a situação, de acordo com ele, foi um pouco mais além do que a de Fernando Frazão. Segundo o empresário, em certo momento da sessão, o médium pediu para que ele colocasse a mão na parte do “baixo ventre”. “Pra mim, baixo ventre seria a parte debaixo do abdômem. Aí, eu coloquei a minha mão mais ou menos embaixo do umbigo dele, e ele pegou a minha mão e colocou um pouco mais pra baixo. Eu fiquei assustado e sem saber o que tinha acontecido. Aí tirei a mão dali meio que reagindo e ele começou a fazer um teatro de como se estivesse passando muito mal”, contou. O empresário afirmou ainda que só depois que descobriu que outras pessoas também tinham sido alvo da mesma situação constrangedora, pode perceber a gravidade do caso. “Hoje eu percebo que cada um tinha uma pecinha do quebra-cabeças, mas ninguém conseguia juntar. Que era esse psicopata que está aí e que fazia o bem de fechada e por trás fazia o mal”, ressaltou. (Informações: G1 / Fantástico / Por Adriana Justi e Carolina Wolf , G1 PR e RPC Curitiba)

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