Um meteoro que passou pela atmosfera da Terra na noite de segunda-feira (26) pôde ser visto de cidades da Bahia, entre elas, Ipirá, Itaberaba e Ituberá.
Um morador de Ituberá, cidade do baixo sul baiano, relatou sobre a passagem do meteoro, que segundo ele, foi notado por volta das 21h35.
“Primeiro, sentimos um estrondo muito forte, seguido de um tremor. Estava na cozinha e os armários chacoalharam. Logo, todos estavam na rua se perguntando o que havia acontecido. Os grupos de WhatsApp lotaram de relatos de um clarão no céu, uma bola de fogo que o cortava e esse tremor forte em Ituberá e região. Cinco minutos depois já sabíamos que um objeto não identificado havia caído do céu entre o mar de Pratigi e Morro de São Paulo”, relata o produtor cultural Roberlan Araújo.
Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA) e integrante da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon) explicou o fenômeno, que segundo ele, apresentou características semelhantes ao registrado em 19 de outubro, que também foi visto em cidades baianas.
“Ao que tudo indica ele atingiu as camadas mais baixas da atmosfera. Quando isso ocorre, há propagação maior do som. Isso daí, provavelmente, pode ter feito a população sentir mais. O tremor é devido ao deslocamento de ar. É uma coisa que acontece, mas é mais raro. Quando há algum evento como esse, o que há de mais perigoso, o que causa mais risco, é o deslocamento de ar. As pessoas sentem como tremor de terra, mas ele treme paredes, janelas, não a terra em si, tanto que ele não é captado pelos sismógrafos. É da mesma forma quando sentimos um caminhão pesado passando pela rua”, explicou.
Zurita destacou que apesar da situação assustar os moradores por causa do barulho e tremor, não apresenta risco.
“Mesmo que sobre algum fragmento do meteoro após ele atingir as camadas da Terra é muito difícil atingir pessoa ou povoado. Esse objeto de ontem não deve ser muito grande. Ainda não calculamos a massa, mas ele não deve chegar a um metro”, conta.
Para explicar sobre o deslocamento de ar e comparar o fenômeno na Bahia, Zurita relembrou de um meteoro que atingiu a Terra em 2013, na Rússia. Na época, quase mil pessoas ficaram feridas na região de Cheliabinsk.
“A exemplo do que ocorreu em 2013 na Rússia, onde muita gente ficou ferida, muitos deles por estilhaços devido à quebra das janelas causada pelo deslocamento de ar. Para causar isso, o meteoro na Rússia tinha cerca de 17 metros e 10 mil toneladas. A energia cinética que ele tinha era muito maior essa fragmentação [na Bahia]”, completa. (G1)