Microplástico é achado no coração humano pela 1ª vez, e sua possível relação com câncer acende alerta

Estudos ainda estão no começo, mas apontam para riscos de danos ao DNA e mutações genéticas que atingiriam o sistema reprodutor

Foto: Agência Brasil

Médicos chineses encontraram microplásticos no coração humano pela primeira vez. A descoberta, feita por meio da aplicação de laser infravermelho e microscopia eletrônica durante cirurgias cardíacas, foi publicada na revista científica Environmental Science.

Os microplásticos são partículas minúsculas, com menos de 5 milímetros de diâmetro, eliminadas de materiais plásticos comuns.

Essas partículas são ingeridas por nós diariamente, seja por meio de alimentos, de água, seja até pelo ar. E mais: um estudo recente da revista científica Physics of Fluids mostra que respiramos cerca de 16,2 bits de microplástico a cada hora, o que equivale a um cartão de crédito durante uma semana inteira.

A ciência já sabe que produtos químicos tóxicos usados na fabricação de plásticos são desreguladores endócrinos e podem afetar a saúde humana, causando alterações no desenvolvimento e no funcionamento dos órgãos.

Entre os possíveis riscos para a saúde humana estão ainda os danos ao DNA e as alterações na atividade genética, que, segundo estudos preliminares, poderiam desencadear:

• diabetes;
• infertilidade;
• reações alérgicas;
• diferentes tipos de câncer;
• doenças cardíacas e psíquicas;
• síndrome do ovário policístico.

Em 2021, pesquisadores brasileiros já haviam encontrado microplásticos nos pulmões humanos, adquiridos por inalação em ambiente caseiro — que sofre diferentes transformações, relacionadas ao tempo e à temperatura. Mas cientistas disseram que ainda era cedo para apontar consequências.

Danos ao ambiente

O fato é que, a partir do processo de decomposição de garrafas, embalagens e tintas, os microplásticos acabam indo parar também no ar, na água e no solo. E os danos ambientais desse lixo têm preocupado ambientalistas.

Outro estudo, dessa vez publicado na revista científica Plos One, mostra que nada menos do que 171 trilhões de partículas de plástico — o equivalente a 2,3 milhões de toneladas — estão nos oceanos. É o mesmo peso, por exemplo, de 10 mil baleias-azuis. Ou 5.137 aviões Boeing modelo 747-8 com carga máxima.

O que pouca gente sabe é que grande parte dos microplásticos tem origem na lavagem de roupa doméstica, por causa da dissolução de fibras sintéticas.

Já os nanoplásticos acabam sendo resíduos fragmentados da indústria de cosméticos.

Ambos contaminam o ambiente de várias maneiras, especialmente quando as partículas não filtradas atingem sistemas de tratamento de água, chegando ao mar.

Um estudo do Banco Mundial afirma que o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico no mundo, chegando a 11,3 milhões de toneladas por ano. Os três primeiros são Estados Unidos, China e Índia.

(R7)

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