Uma militante transexual do PSOL foi sequestrada e agredida no último dia 16, na Zona Leste de São Paulo. Para o partido, os crimes foram motivados por razões políticas e transfóbicas.
A vítima relatou à polícia que aguardava um ônibus na Avenida José Pinheiro Borges, em Itaquera, quando foi surpreendida por dois homens em um veículo sedã de cor escura. Os homens estavam armados e a obrigaram a entrar no carro.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, durante o trajeto ela foi agredida e ameaçada sendo que em determinado momento, os homens parara o veículo e passaram a espancar a vítima, que conseguiu se desvencilhar e fugir.
Ainda segundo a SSP, ela foi socorrida por pedestres e levada ao Pronto-Socorro Tide Setubal, também na Zona Leste de São Paulo, onde foi medicada e liberada. A polícia pediu exames de corpo de delito.
O caso foi registrado como sequestro, cárcere privado e lesão corporal e está sendo investigado pelo 65º Distrito Policial.
O PSOL relatou que o único pertence roubado da militante foi o celular, sob “pretexto declarado pelos criminosos de acessar todos os contatos”. Para o partido, ela foi torturada por “razões transfóbicas em ato de enorme gravidade”. “O PSOL afirma que o ocorrido, sem precedentes, configura crimes gravíssimos motivados por razões políticas e transfóbicas. Criminosos que o praticam são movidos pelo ódio e conduta assassina, de cunho fascista, e têm por objetivo intimidar militantes como a companheira e o conjunto da militância de um partido de esquerda coerente e reconhecido pela sociedade, como o PSOL. Tais pessoas e seus possíveis mandantes não apenas não terão êxito nesses objetivos, como terão de responder criminalmente por seus atos, pois o partido não permitirá que o caso passe impunemente”, diz a nota.
Veja a nota na íntegra:
“Na terça-feira (16/7), uma militante transexual, membra do diretório municipal do PSOL de Guarulhos, da setorial LGBT do PSOL SP e da direção do Quilombo Raça e Classe da CSP-CONLUTAS, foi sequestrada e torturada por declarados apoiadores do presidente Jair Bolsonaro por razões manifestamente transfóbicas, num ato criminoso de enorme gravidade.
A. T. (preservamos a identidade por questão de segurança) estava no início da Radial Leste quando foi abordada por dois homens armados que a mandaram entrar no carro. Deu-se início à prática de intimidação e tortura. A militante teve os olhos vendados, foi ameaçada com o direcionamento de arma de fogo contra a sua cabeça e ouviu insultos transfóbicos enquanto era agredida e seus pertences revirados. Além do crime de ódio as intimidações passaram para o campo político atacando suas posições em relação ao PSOL nas redes e contra o Bolsonaro. Como resultado da tortura teve ferimentos e escoriações graves em todo o corpo (joelhos, costas, ombros, dedos da mão, pescoço e rosto).
Com o objetivo de intimidar, o único pertence roubado foi seu celular, sob pretexto declarado pelos criminosos de acessar todos os contatos. Os criminosos também atiraram diversas vezes, por sorte não ferindo a vítima com estilhaços ou balas.
Desde o ocorrido, todas as medidas legais foram tomadas para resguardar a militante e exigir investigação e punição exemplares para o caso. A. T. fez exame em hospital e abriu boletim de ocorrência. Acompanhada por advogados e parlamentares do PSOL, a Secretaria de Segurança Pública foi interpelada com um pedido de reunião urgente sobre o caso, mas, até agora, não retornou.
O PSOL afirma que o ocorrido, sem precedentes, configura crimes gravíssimos motivados por razões políticas e transfóbicas. Criminosos que o praticam são movidos pelo ódio e conduta assassina, de cunho fascista, e têm por objetivo intimidar militantes como a companheira e o conjunto da militância de um partido de esquerda coerente e reconhecido pela sociedade, como o PSOL. Tais pessoas e seus possíveis mandantes não apenas não terão êxito nesses objetivos, como terão de responder criminalmente por seus atos, pois o partido não permitirá que o caso passe impunemente.
Fazemos o chamado a todos os partidos de esquerda, movimentos sociais, sindicatos, centrais sindicais, entidades democráticas como OAB, ABI e outras a condenarem o atentado contra uma mulher trans, negra, militante de esquerda, e exigirem conosco as providências cabíveis da Secretaria de Segurança Pública e do governo de São Paulo.
Exigimos investigação e punição exemplares.
Exigimos que a Secretaria de Segurança Pública de SP nos receba imediatamente, em caráter de urgência, para audiência.
Condenamos o ódio, a transfobia, a intolerância política e os métodos de milícia típicos de uma ideologia de traços fascistas.
Não seremos intimidados!
Executiva Estadual do PSOL São Paulo, 25 de Julho de 2019″. (G1)